São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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País investe 23 anos em aluno de 1º grau

FERNANDO ROSSETTI
ENVIADO ESPECIAL A ÁGUAS DE SÃO PEDRO (SP)

Cada aluno que se forma no 1º grau da rede pública do Estado de São Paulo equivale hoje a 18,3 anos de investimento. Isso, apesar de o 1º grau ter apenas oito anos.
O número de anos de investimento por estudante formado é obtido somando o tempo que os alunos que ingressam no 1º grau levariam para se formar e dividindo o resultado pelo número de alunos que conseguem fazê-lo.
No Brasil todo, o investimento estatal por aluno que se forma nesse nível de ensino -de frequência obrigatória, segundo a Constituição de 1988- é de 23 anos.
Esse desempenho das redes públicas é resultado da repetência e evasão nas escolas brasileiras -que têm um dos piores índices do mundo.
Dados como esses justificariam a reforma no ensino do governo Mário Covas, segundo a coordenadora de ensino do interior da Secretaria da Educação de São Paulo, Raquel Volpato Serbino.
Formação de educadores
Ela apresentou esses números na mesa redonda "Poder público e formação de educadores no Brasil atual", ontem em Águas de São Pedro (SP), no 4º Congresso sobre Formação de Educadores da Universidade Estadual Paulista.
O secretário-adjunto da Educação de Belo Horizonte (MG), Miguel Arroyo, discordou das soluções propostas por São Paulo contra a baixa qualidade de ensino.
A reforma de Mário Covas se dá em cinco frentes principais, segundo Serbino: 1) reforma administrativa, com descentralização da formação de professores; 2) racionalização do sistema, eliminando duplicidade de funções; 3) informatização; 4) instalação de processos permanentes de avaliação e 5) priorização dos investimentos públicos em educação.
Para Arroyo, essas medidas não resolverão o problema da evasão e repetência. Ele defende um investimento maior na formação dos professores e a possibilidade de eles estudarem e pesquisarem.
Em Belo Horizonte, na jornada de 40 horas semanais do professor estão incluídas cinco horas de estudo e cinco horas para desenvolvimento de projetos. No Estado de São Paulo, os professores terão duas horas pagas por semana para trabalho fora de sala de aula.
Segundo Arroyo, é necessária uma mudança cultural entre os professores brasileiros para acabar com a repetência -que, para ele, deveria ser legalmente vedada.
A secretária de Política Educacional do Ministério da Educação, Eunice Durham, defendeu a necessidade de uma articulação da União, Estado e municípios para melhorar a formação dos professores e a educação em geral.
A questão da autonomia também dividiu os debatedores. Durham e Arroyo defendem maior centralização das decisões de formação e currículo e Serbino diz que a Secretaria da Educação pretende descentralizar cursos para as Delegacias de Ensino.

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