São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996
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'Mago' da pesquisa recusa palpite

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Nem Hanoch Smith, considerado o grande especialista israelense em pesquisas eleitorais, se arrisca a prever o resultado de hoje. "Obviamente, não", respondeu ao ser questionado se daria um palpite.
Natural: todas as quatro pesquisas mais recentes, divulgadas ontem, mostram que a vantagem do premiê Shimon Peres sobre seu rival, Binyamin Netanyahu, fica sempre na margem de erro.
É de 3 pontos percentuais em três delas e de 5,3 pontos na quarta.
Também para o Parlamento, de 120 vagas, há equilíbrio entre os trabalhistas de Peres e a coligação conservadora do Likud, que tem Netanyahu como candidato.
Esse equilíbrio faz Smith prever que a definição poderá ocorrer em função do maior ou menor comparecimento de determinados segmentos de eleitores às urnas.
Em especial, os árabes (541 mil eleitores ou cerca de 14% do total). Há todas as indicações de que os árabes votarão em massa com Peres, mas a dúvida é quanto ao percentual deles que vai se abster ou votar em branco para premiê.
Cédulas
A eleição tem duas cédulas, uma para primeiro-ministro e outra para o Parlamento. Há três partidos árabes concorrendo ao Knesset, mas só Peres e "Bibi" disputam a chefia do governo.
Os árabes poderão votar nos seus partidos e em branco para premiê, o que seria mortal para Peres.
Talvez por isso, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse a um dos jornais em árabe que "a vitória de Netanyahu atrasará o processo de paz e as negociações para um acordo permanente". Faltou pouco para pregar o voto em Peres e contradizer a linha oficial da ANP.
Oficialmente, os palestinos dizem que as eleições são questão interna de Israel e que o acordo de paz não é "bilateral (entre os palestinos e os trabalhistas), mas com o governo de Israel", como afirmou ontem o próprio Arafat.
A outra incógnita é o comportamento dos judeus russos que imigraram em massa para Israel nos últimos cinco anos, a ponto de compor, hoje, cerca de 14% do eleitorado (como os árabes).
Os imigrantes também têm seu próprio partido (Israel Baliya ou Imigração para Israel), mas não têm candidato a premiê. Seu líder, Natan Sharansky, declara-se neutro na disputa pelo governo, mas jornais em russo garantem que a ordem é votar em Peres.
(CR)

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