São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 1996 |
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OUSAR A PAZ Raras vezes uma eleição merece de fato o qualificativo de histórica, tão frequentemente aplicado, como o pleito de hoje em Israel, para a escolha de um primeiro-ministro e de um Parlamento de 120 vagas. Em outros países, a eleição usualmente gira em torno de programas econômicos ou sociais ou confronta apenas personalidades diferentes. Em Israel, o que está em jogo é a vida. Não por acaso, trata-se de uma das mais conflituosas regiões do planeta, antes como depois do fim da Guerra Fria. Foi exatamente este evento que precipitou o início de um processo de paz cujo destino será decidido hoje pelos 3,9 milhões de eleitores israelenses. Não que um dos candidatos ao cargo de primeiro-ministro seja contra a paz e, o outro, a favor. Ambos se dizem favoráveis a ela. Mas a maneira pela qual pretendem alcançá-la é que difere radicalmente -e, no limite, pode significar que, em nome da paz, se volte a uma situação de guerra, aberta ou encoberta. De um lado, sabe-se no que apostar. Se vencer o atual primeiro-ministro, o trabalhista Shimon Peres, ele dará continuidade ao processo de paz tal como está sendo conduzido. Não é uma escolha isenta de riscos. Os atentados terroristas praticados contra alvos israelenses em fevereiro e março deste ano o indicam claramente. Assim como a desproporcional reação israelense, bombardeando o Líbano a pretexto de eliminar os terroristas islâmicos abrigados no território libanês. Mas a outra via, proposta pelo candidato conservador Binyamin Netanyahu, já foi testada e reprovada pela vida real. Netanyahu acha que só o máximo de segurança para Israel, com o mínimo de autonomia para os palestinos, garantirá a paz. Os seis anos de "intifada", a revolta palestina, provaram que essa teoria não traz, na prática, nem a segurança nem a paz. Os eleitores israelenses, os únicos soberanos na matéria, dirão hoje qual é a alternativa que preferem. Texto Anterior: QUASE UM PLEBISCITO Próximo Texto: FHC versus Maluf Índice |
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