São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 1996
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'Terra e Liberdade' exalta vigor socialista

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Não há grandeza e explosões, mas apenas contenção, nos combates de "Terra e Liberdade". Último trabalho do diretor Ken Loach, com estréia prometida para esta sexta-feira, o filme mostra o cotidiano de uma milícia durante a Guerra Civil Espanhola.
Durante a década de 30, a Espanha se dividiu entre revolucionários e mantenedores da ordem. Conhecida como a última batalha romântica, a guerra da Catalunha atraiu uma leva de poetas, pintores e romancistas de todo o mundo.
Loach incorpora a esse lenda um fato histórico: quase a totalidade do contingente de soldados voluntários era formada de operários que arriscavam sua vida em nome do socialismo.
E é a vida de um desses homens que o diretor conta em "Terra e Liberdade", como falou em entrevista por telefone à Folha.
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Folha - Por que o sr. escolheu a guerra espanhola como tema?
Ken Loach - Acho que é uma das maiores histórias do século. Se você sabe o que aconteceu na Espanha, pode interpretar o que aconteceu neste século. Aquele era um tempo de grande experança, onde as pessoas trabalhavam para um bem comum. Um tempo de grandes experiências, mas que foi interrompido no momento em que o Partido Comunista soviético se revelou. Foi o instante em que o mundo vivia a esperança e descobria a verdade sobre o stalinismo.
Folha - O sr. se considera um diretor de esquerda? E assim é também "Terra e Liberdade"?
Loach - Acho que pode ser entendido assim, porque o assunto é a redescoberta dos ideais do socialismo 60 anos depois.
Folha - O que significa ser um diretor de esquerda hoje, depois de tantas transformações históricas?
Loach - Eu não sei... não tenho certeza realmente se tenho uma resposta para essa questão. Acho que é ter controle sobre suas escolhas, sobre os temas em seu trabalho. Significa trabalhar longe dos EUA, porque lá eles escolhem o que deve ser mostrado. Significa manter o controle sobre o que deseja fazer e nunca desistir.
Folha - O sr. tentou, em seu filme, devolver a batalha para os trabalhadores, esse conflito conhecido por atrair intelectuais?
Loach - Mas essa foi uma guerra da classe trabalhadora, das pessoas comuns. É claro que muitos intelectuais e escritores participaram da guerra civil, mas elas foram poucas. Os trabalhadores escreveram a história, mas você não ouve falar muito disso.
Folha - Seu novo trabalho tem ainda lutas socialistas como tema?
Loach - Eu acabei de terminar um filme que foi feito na Nicarágua. A história se passa durante a guerra civil do país, no período sandinista.

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