São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 1996
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Show de Garth Brooks tem feeling rock'n' roll

MARISA ADÁN GIL
DA ENVIADA ESPECIAL A BIRMINGHAM

Cantor country leva ao delírio platéia de 18 mil pessoas no ginásio do Coliseu Civic Center (Birmingham)

Show de Brooks tem feeling rock'n'roll
Depois de assistir a um show de Garth Brooks, só há uma conclusão possível: não existe platéia mais barulhenta do que a norte-americana.
Parece uma daquelas gravações antigas dos Beatles: o público grita o tempo todo, sem trégua.
Garth Brooks se ajoelha no palco, ergue os braços, sorri em êxtase. O ginásio vem abaixo.
"We want Garth!" (queremos Garth), repetem as 18 mil pessoas presentes no Coliseum Civic Center, em Birmingham, Alabama.
A cena se repetirá várias vezes nas duas horas seguintes. Brooks é aquele tipo de showman que se entrega totalmente à platéia. Lembra Bruce Springsteen.
Talvez seja esse o grande segredo do sucesso do cantor: ao country tradicional, ele adiciona um feeling rock'n'roll, no melhor estilo Freddie Mercury.
Ao vivo, se revela um cantor competente. Pena que as canções deixem a desejar.
Nos melhores momentos, a música de Brooks lembra as baladas de James Taylor. Nos piores, breguices de Michael Bolton.
Na maior parte do tempo, porém, ele fica no country tradicional, com destaque para as narrativas melodramáticas.
Sex-appeal
O show é um desfile de hits. Há as baladonas, como "Unanswered Prayers" (James Taylor puro) ou "The Change" (do último disco, "Fresh Horses").
Outras, como "The Thunder Rolls" (talvez sua melhor composição) ou "Rolling", poderiam estar no repertório de qualquer banda de rock'n'roll.
Lá pela metade do show, Garth ataca com seu maior hit, "Friends in Low Places". Em meio à massa sonora, dá para ouvir trechos de uma melodia grudenta, bem pop.
Para manter a excitação no nível máximo, Garth se vale de duas armas. Em primeiro lugar, usa efeitos especiais à la Pink Floyd: muitas luzes, plataformas, cenários em forma de nave espacial.
Sua segunda -e melhor- arma é o sex-appeal. Menos pela beleza (comum, apesar dos olhos azuis e da calça justíssima), e mais pela disposição para seduzir.
Brooks passa a maior parte do show na beirada do palco, à mercê das meninas que gritam quando conseguem tocar no ídolo.
Encerra o show com a romântica "If Tomorrow Never Comes" (regravada por Renato Russo em seu disco solo "The Stonewall Celebration Concert") e o clássico americano "American Pie", de Don McLean.
Hora de guardar os chapéus e dormir tranquilo: Garth Brooks, o grande herói americano, venceu mais uma vez.

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