São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 1996
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Ministério é invadido por cerca de 400 trabalhadores rurais

Agricultores ocupam prédio para exigir verba de R$ 2 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Cerca de 400 trabalhadores rurais invadiram o Ministério da Agricultura por volta das 17h40 de ontem. Houve choque com policiais e pelo menos seis agricultores se feriram. Ninguém foi preso.
Eles tomaram o térreo e o primeiro andar do prédio do Ministério da Agricultura. Para entrar, quebraram os vidros da portaria com cabos das bandeiras. A polícia tentou impedir a invasão usando cassetetes e jatos de gás.
Desde a invasão do Ministério da Fazenda, em 9 de maio passado, o governo do Distrito Federal criou um novo destacamento da Polícia Militar para cuidar da segurança da Esplanada dos Ministérios.
Segundo o tenente-coronel da PM Augusto Willer, a polícia agiu "em legítima defesa". Na hora da invasão, havia cerca de cem policiais no local.
O ministro Arlindo Porto (Agricultura) estava em Patos de Minas (MG) quando foi informado por seus assessores da invasão.
Ele interrompeu a visita e deveria chegar a Brasília ainda ontem.
Reivindicações
Os agricultores disseram que só deixarão o prédio quando suas reivindicações forem atendidas.
Eles querem que o governo federal se comprometa a destinar R$ 2 bilhões ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Segundo Aírton Faleiros, diretor da Contag (Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura), o Ministério da Agricultura está oferecendo R$ 450 milhões vindos dos fundos constitucionais.
Os agricultores querem que o dinheiro venha do Tesouro. "A verba dos fundos constitucionais é negociada diretamente com os Estados, não conta", disse Faleiros.
Uma comissão de trabalhadores rurais estava reunida com representantes dos ministérios da Agricultura e do Planejamento desde as 15h de ontem.
"Só vamos sair daqui quando o governo mostrar que está disposto a negociar. Se eles não têm os R$ 2 bilhões, devem dizer quanto estão dispostos a dar. Mas R$ 450 milhões dos fundos constitucionais são inaceitáveis", disse Faleiros.
Cerca de 2.500 trabalhadores rurais estão em Brasília desde segunda, no "Grito da Terra Brasil".
Incra invadido
Em Curitiba (PR), perto de 300 sem-terra ocuparam a sede regional do Incra entre 10h e 18h de ontem. Segundo a PM, o movimento foi pacífico.
Os sem-terra entregaram ao superintendente do Incra, Scylla Peixoto Filho, uma lista com as reivindicações do grupo.
As principais são o repasse, para reforma agrária, das fazendas dadas ao Banco do Brasil como pagamento de dívida, a suspensão das ações de despejo e o fornecimento de cestas básicas aos assentados.
Peixoto Filho levará as reivindicações hoje ao ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann.
Anteontem, 250 sem-terra invadiram o saguão do Ministério da Fazenda em Curitiba. Houve tumulto com a polícia, sem feridos.

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