São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Decisão é vitória para coreanos

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário sul-coreano Mong Joon Chung entra para a história dos bastidores do futebol mundial com o "empate" de ontem.
O resultado teve gosto de vitória para a Coréia do Sul e de derrota para o Japão, país que mostrou organização muito superior para receber a Copa de 2002.
O perfil de Chung explica em boa parte o triunfo. Filho de uma das famílias mais ricas do planeta, dirige uma divisão da Hyundai e, com parentes, controla a megaempresa. Para assumir os negócios, passou anos nos EUA, estudando.
É presidente da Associação de Futebol da Coréia, vice-presidente da Fifa e deputado no parlamento federal sul-coreano.
Os japoneses fizeram seu lobby por meio de empresas e executivos. Chung, habituado à concentração de poderes da política sul-coreana, encarregou-se pessoalmente da campanha.
Em agosto de 95, por exemplo, a seleção brasileira foi ao Japão e à Coréia. Ao saber que, em Tóquio, os japoneses haviam destacado guia e ônibus para visitantes brasileiros, Chung deu ordem para seus subordinados fazerem o mesmo.
Chung ainda recebeu jornalistas brasileiros em Seul para um almoço, no qual ele, entusiasta de uísque escocês e vinho italiano, falou da candidatura coreana.
Depois, para alguns desses jornalistas, prometeu um carro Excel (Hyundai), caso a seleção sul-coreana pelo menos empatasse com o Brasil -ela perdeu por 1 a 0.
A descentralização da campanha japonesa, país muito mais estruturado para receber o Mundial e que de fato tem investido no futebol, fez com que seu país não tivesse uma "cara" na campanha.
Chung, ao contrário, recebeu várias delegações em Seul, esteve na Copa Ouro-96, nos EUA, e no Pré-Olímpico-96, no Uruguai.
Com ternos europeus e aspecto de magnata sul-americano, era a imagem do otimismo. Questionado sobre o favoritismo japonês, respondia: "Você tem certeza?"
Crítica
O ex-jogador Zico criticou ontem no Rio a decisão da Fifa de dividir a Copa do Mundo de 2002.
"O Japão se preparou e fez o planejamento necessário, ao contrário da Coréia", afirmou Zico, defensor da candidatura japonesa. "O Japão sai prejudicado."
Zico é gerente do clube Kashima Antlers, localizado na cidade de Kashima, próxima de Tóquio.

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