São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Minhas férias

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Tive lá meus momentos na infância. Nenhum deles, porém, registrado naquelas maçantes redações de início de ano letivo -deixavam a certeza de que as aulas poderiam começar um dia mais tarde.
Principalmente quando as férias, por qualquer bobagem, ganhavam tom épico. Era inevitável entrar na classe com ar superior, ignorando os imaturos colegas, que simplesmente não viveram o que eu tinha vivido.
Achava um absurdo dividir com a malta ignorante fantasias, aventuras e paixões, inventadas ou não, que eram só minhas -e que, talvez, perdessem a magia se tornadas públicas.
Pois hoje divido com o leitor agonia inversa. A sensação de estar em férias quando em trabalho. As sextas-feiras da F-1 se tornaram um martírio.
Quase nada aconteceu ontem em Barcelona. O dia concorre seriamente na categoria de o mais chato da história.
A supressão do treino oficial, que causou algumas surpresas no começo da temporada, ETs como Verstappen nas primeiras filas, já foi assimilada pelos grandes times.
Ninguém se atrapalha mais ou opta pelo treino-show. As estratégias não são homogêneas, mas o resultado final, no sábado, não foge mais à lógica.
Até mesmo a discussão sobre a volta do treino oficial de sexta-feira parece ter sido criada para ocupar espaço nos jornais de sábado. Foi levantada pela própria mídia.
E pode ser esquecida, já que nada mais vai tirar a primazia do sábado. Garante a audiência, que é o que interessa.
Suprimir de vez o primeiro dia também parece difícil. Para os pequenos times, a sexta-feira é teste sem custo. E, pelo menos para a Williams, são duas horas para acertar os carros para as provas -tem recurso de sobra para pensar em classificação apenas no sábado.
Resta lembrar da infância, quando à falta de assunto, bastava inventar.

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