São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Timothy Leary morre on line

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS; DA REDAÇÃO

"Why not?" (Por que não?) e "Yeah" foram as últimas palavras do escritor norte-americano na Internet; ele morreu ontem, à 4h44, em Los Angeles (EUA), em consequência de um câncer na próstata
Timothy Leary, o profeta do LSD e da contracultura americana, morreu ontem aos 75 anos, na cidade de Los Angeles, Califórnia, vítima de um câncer na próstata.
Sua morte foi acompanhada por milhões de visitantes de sua homepage na Internet, onde Leary diariamente divulgava informações sobre seu estado de saúde.
Leary morreu à 0h44 (4h44 horário de Brasília) de ontem em sua casa, no bairro de Beverly Hills, conforme anunciou Doug Rushkoff, atual agente do ensaísta e psicólogo que foi expulso da universidade Harvard por suas experiências com drogas, nos anos 60.
Timothy Leary se tornou um ícone cultural na revolução hippie, por seu envolvimento com os alucinógenos. Um slogan criado por ele se tornou lema: "Turn on, tune in and drop out" ("Se ligue e caia na vida").
Nascido em Springfield (Massachusetts), em 22 de outubro de 1920, passou um ano como estudante da escola militar West Point, para depois se graduar na Universidade do Alabama.
Depois da Segunda Guerra Mundial, conseguiu seu doutorado em psicologia pela Universidade de Berkeley, em 1950.
Permaneceu em Berkeley como professor-assitente durante cinco anos. No final dos anos 50, partiu para Harvard. Em 1963, atraiu a atenção de todo o país quando foi demitido da universidade por ter submetido estudantes a experiências com LSD, em um momento em que a droga ainda era legal.
Leary declarou: "O mundo ainda não estava pronto para nós". Logo após, encontrou a sua "turma", como ele mesmo a designava: o romancista Aldous Huxley (autor de "Admirável Mundo Novo"), o escritores beat Allen Ginsberg e William Burroughs e o jazzista Charles Mingus.
Em 1970, Leary é preso. Entre várias acusações, o tráfico de maconha na fronteira com o México.
Leary descobriu que tinha um câncer na próstata no ano passado, em estado adiantado para qualquer possibilidade de cura: "Quando soube que era um doente terminal estava apavorado. Queria agora entrar em um desafio de como viver uma vida de incapacidade. Como terminar meus dias com dignidade".
Após declarar que gostaria de "morrer online", voltou a ser assunto para a mídia no mundo: "De que forma morrer é a coisa mais importante que você pode pensar. É a cena final do um glorioso épico de sua vida".
Leary considerou ainda cometer suicídio publicamente, pela Internet. E ter seu cérebro congelado para o futuro. Sua homepage na rede mostrava que ele morreu logo depois da meia-noite, cercado por seus melhores amigos.
A página continha suas últimas palavras: "Why not?" (Por que não?) e "Yeah".
Leary foi casado quatro vezes (sua primeira mulher e filha se suicidaram) deixa dois filhos, Susan e John. Uma de suas ex-mulheres, Barbara Leary, que mora em São Paulo com o empresário Kim Esteve. Procurada pela Folha, não foi encontrada.

Leary na Internet: www.leary.com

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