São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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"Tannhäuser" estréia em julho com produção da Argentina

DA REPORTAGEM LOCAL

Custos altos fazem Secretaria Municipal desistir de Herzog

"Tannhäuser" estréia em julho com produção da Argentina
A Secretaria Municipal da Cultura trocou a montagem que o diretor alemão Werner Herzog faria da ópera "Tannhäuser", de Richard Wagner, por uma similar argentina. Feita originalmente no Teatro Colón, de Buenos Aires, "Tannhäuser" estréia no dia 24 de julho, no Teatro Municipal.
O secretário Rodolfo Konder justifica a troca de versões por problemas de custo.
"Só a direção de cena, cenografia e figurinos de Herzog custariam R$ 800 mil. A montagem argentina, inteira, vem por R$ 600 mil", diz o secretário. O custo total da versão de Herzog, para a Prefeitura, seria de R$ 900 mil.
A aparente simplicidade dos cálculos é resultado, no entanto, de uma grande confusão.
Negociações
Konder negociava desde o ano passado com a equipe de Herzog, que já tocava o projeto no Brasil.
A indefinição dos patrocínios e o medo de realizar gastos muito altos em um ano eleitoral fizeram Konder não concretizar o negócio. Mas isso após meses de conversa.
"Se é possível fazer a ópera por R$ 600 mil, é meu dever defender os recursos públicos", diz o secretário. Defesa estimulada pela série de problemas que teve de enfrentar, no ano passado, por ter pago R$ 250 mil para o cenografista de "O Barbeiro de Sevilha".
O secretário diz que, de toda maneira, não chegou a firmar nenhum compromisso por escrito com a equipe de produção de Werner Herzog.
"Nós estávamos negociando para tentar baixar os custos inicialmente apresentados, que eram de R$ 2 milhões. Eles foram baixando com troca de cantores, barateamento de alguns custos, mas nos R$ 800 mil do Herzog eles não queriam mexer", afirma o secretário.
Mas a troca da versão de Herzog pela similar Mercosul não é equivalente a pegar um produto em lugar de outro. No caso de um espetáculo cultural, as diferenças podem significar a distância que vai de mais uma montagem para uma montagem excepcional.
Konder reconhece isso. "É claro que se perde alguma coisa do ponto de vista artístico, seria ótimo trazer o Herzog", diz o secretário.
Mas, se isso pode servir de consolo, as montagens do Teatro Colón são, como diz Rodolfo Konder, de "boa qualidade".
Karabtchevsky
Os primeiros contatos da equipe de Herzog com a secretaria foram feitos graças ao maestro Isaac Karabtchevsky, que seria o responsável por reger a ópera.
Por meio de um amigo comum, foi feito um contato com a produção de Herzog. Os contatos iniciais evoluíram para negociações pessoais, no Brasil, onde o produtor Lucki Stipetic, irmão de Herzog, chegou no início do ano.
A montagem que seria feita no Brasil viajaria depois para Veneza e havia ainda a possibilidade de levá-la a Varsóvia. "Depois que eu fiquei sabendo disso, me convenci que estava certo. Não é justo o Brasil bancar uma produção para que ela saia mais barato depois na Europa", diz Konder.

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