São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Alianças definirão linha política

CLÓVIS ROSSI

em Londres
Os primeiros passos de Binyamin Netanyahu no xadrez político interno tendem a determinar a política de seu governo na frente de batalha externa.
"Bibi" pode seguir um de dois caminhos:
1 - Tentar um governo de união nacional, convocando inclusive os trabalhistas, como prometeu fazer durante a campanha.
Peres disse ontem que não aceita, mas há três caciques trabalhistas que defendem a tese inversa.
São Ehud Barak (chanceler), Binyamin Ben-Eliezer (Habitação) e Avraham Shohat (Finanças).
A tese deles é que participar do governo seria a melhor forma de contrabalançar o radicalismo dos aliados naturais de "Bibi".
2 - Formar um governo da direita "pura e dura", apenas levemente matizado pelo acréscimo de partidos como o Terceira Via (racha do trabalhismo pela direita) e o Israel Baliya (imigrantes da ex-União Soviética).
Quadro assustador
Nessa hipótese, ficaria configurado o quadro assustador delineado ontem pelo comentarista Yoel Marcus, do jornal "Haaretz":
"Entre o bloco religioso, que vê a idéia de um Grande Israel como uma ordem divina, e o Likud, no qual as estrelas são Eitan e Sharon, é difícil ver como Netanyahu pode conduzir um processo de paz".
Rafael Eitan e Ariel Sharon são dois dos mais duros políticos israelenses, francamente opostos ao processo de paz.
O bloco religioso também se opõe, embora com matizes. Tendem a unir-se em torno do direito supostamente divino de Israel manter os territórios ocupados na guerra de 1967, habitados predominantemente por palestinos.
Colonos israelenses
Ainda mais que os colonos judeus instalados em territórios palestinos triplicaram a sua representação no Parlamento. Agora, são nove os parlamentares que moram nas colônias.
É sintomático que Noam Arnon, um dos porta-vozes dos colonos de Hebron (35 km ao sul de Jerusalém), tenha sugerido que a cidade "seja declarada capital da Judéia" e que "milhares de judeus sejam levados a ela".
Hebron é o ponto de maior atrito entre palestinos e judeus, pois nela vivem apenas 52 famílias de judeus, cercadas por 120 mil palestinos, e protegidas por forte esquema militar.
(CR)

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