São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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Parlamentares justificam suas emendas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Leia a seguir as justificativas dos parlamentares para suas emendas:
Adelson Ribeiro (PSDB-SE): "Concentrei em Lagarto, que é meu maior reduto eleitoral. Procurei priorizar obras na área social, como saneamento".
Albérico Cordeiro (PTB-AL): "Como não posso atender todo o Estado, priorizo algumas cidades. Se sou candidato a prefeito? Os outros são candidatos. Eu já sou o prefeito eleito (Maceió)".
Aldo Arantes (PC do B-GO): "É claro que faço opção pelas cidades onde tenho votação mais expressiva. Priorizo áreas de saúde e educação. Mas o dinheiro é reduzido".
Aldo Rebelo (PC do B-SP): "Recebi solicitações e avaliei uma por uma. Não estabeleci critério eleitoral. Os recursos para minha cidade natal, Viçosa (AL), foram cobrados pelo prefeito e pelos vereadores, meus contemporâneos".
Alexandre Cardoso (PSB-RJ): "As verbas são para obras de saneamento na Baixada. Fui muito votado lá. Se dá voto? Vai me dar voto, mas tudo é feito a partir de um estudo ambiental".
Aloysio Nunes (PMDB-SP): "Usei como critério a demanda que recebo. Recebo a pressão da minha base. Toda semana estou em São José do Rio Preto".
Alzira Ewerton (PPB-AM): A assessora de imprensa Márcia Eira disse que a deputada enviou ofícios a prefeitos. "Manaus foi priorizada porque é onde ela tem o seu maior eleitorado".
Antônio do Valle (PMDB-MG): "É a democratização do Orçamento. Como o parlamento vai saber que tem que canalizar um córrego lá na cidade? Tenho contato com a base. Sei o que se passa lá".
Benedito Domingos (PPB-DF): "Fui o único parlamentar do Distrito Federal a apresentar emendas porque tinha compromissos que não podia abrir mão".
Carlos Mosconi (PSDB-MG): "Não tem retorno eleitoral. As obras são pequenas. Mas esse trabalho faz parte da minha função".
Darcício Perondi (PMDB-RS): "É para construir a casa do estudante da Universidade do Noroeste, que atende 7.000 alunos. Era um desejo da gurizada".
Dilso Sperafico (PMDB-MS): "Pedi que os prefeitos enviassem emendas. Tem lugar onde não fui votado. A gente chega lá, e eles cobram: o que você fez pela cidade?"
Edison Andrino (PMDB-SC): "Sou deputado representando uma região. Não teria sentido eu botar recursos na região oeste".
Edson Ezequiel (PDT-RJ): "As emendas são uma forma de o deputado prestar contas perante uma parcela da população. Mostram que procurei lutar por eles".
Enio Bacci (PDT-RS): "Sou eleito pelo Vale do Taquari. Tenho um compromisso regionalizado. É uma retribuição à população".
Eurípedes Miranda (PDT-RO): "Fui secretário de Segurança. Quem trabalha para mim são os delegados e os quartéis. Tive votos em todo o Estado. Por isso apresento emendas em várias cidades".
Fausto Martello (PPB-SP): "O governo tem que ajudar a gente a dar uma assistência em quem acreditou e votou na gente".
Fernando Gonçalves (PTB-RJ): "A gente pretende melhorar a situação do povo. Concentrei em Nova Iguaçu, onde tive 95% dos meus votos. Retorno eleitoral? Acho que sim. O povo sente que a gente está trabalhando para eles".
Feu Rosa (PSDB-ES): "Onde a gente é mais votado, é mais demandado. Tenho que mostrar trabalho para quem me deu voto".
Itamar Serpa (PSDB-RJ): "É o meu reduto. Vivo em Nova Iguaçu há 40 anos. Conheço os problemas. Privilegio não a base eleitoral, mas o município".
Jair Siqueira (PPB-MG): "Mandei verba para concluir uma obra contratada na minha gestão como prefeito. O retorno eleitoral é pouco, mas existe".
João Fassarela (PT-MG): "A questão não é eleitoral. Mas a estrutura da Câmara conduz a isso. As emendas individuais têm um caráter municipal. Você põe na região que conhece".
José Augusto (PT-SP): "Essa avaliação, no meu caso, fica prejudicada. Tenho emendas até para o Ceará. Não preciso dessas emendas para aumentar meu prestígio".
José Fortunati (PT-RS): "Segui o critério das lideranças, e a repartição foi sem qualquer privilégio. Sou candidato a vice-prefeito em Porto Alegre, mas não foi isso que levei em consideração".
Lael Varella (PFL-MG): "A tarefa do parlamentar é votar as leis identificadas com o povo. Verba é função do Executivo, mas as cidades esperam que se faça algo por eles".
Leonel Pavan (PDT-SC): "Sou o único deputado da região do Vale do Itajaí. Não tem outro. Você assume o compromisso de ser representante da localidade, e minha omissão não seria bem aceita".
Luciano Zica (PT-SP): "O ideal seria existirem apenas as emendas coletivas, mas o expediente estava aí. Se não apresentasse emendas, acabaria deixando os meus municípios, os do PT, em prejuízo".
Luiz Mainardi (PT-RS): "Percorri os 15 municípios onde tenho relação política. Fiz debates. Não tive nenhum constrangimento ao fazer essas emendas, que, de certa forma, são paroquiais".
Marcelo Barbieri (PMDB-SP): "Todas as minhas emendas buscam apoiar minha região. Não é clientelismo. Tenho que mostrar serviço porque sou cobrado".
Miguel Rosseto (PT-RS): "Parti de um debate do Conselho do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Isso dá transparência".
Moisés Lipnick (PTB-RR): "Atendo a reivindicações do povão. A carência é muita e as verbas são poucas. Tento trabalhar para o povo que me elegeu".
Noel de Oliveira (PMDB-RJ): "Fui eleito por duas cidades. Fiz pedidos por valores maiores, com finalidades nobres, mas as verbas foram cortadas".
Paes de Andrade (PMDB-CE): "Eu não sou clientelista, mas como vou deixar de atender a reivindicação dos municípios?"
Paulo Bornhausen (PFL-SC): "Busquei interiorizar as verbas, apesar de ter um terço dos votos na capital. Não busquei concentrar votos em paróquias".
Pedro Corrêa (PPB-PE): "Busco atender reivindicações de prefeitos. Tinha 18 pedidos para 10 emendas. Você faz promessas na campanha e tem de lutar por elas".
Pedro Wilson (PT-GO): "Sou professor da Universidade Federal e da Universidade Católica. Na medida em que existe a possibilidade, há pressão dessas áreas".
Rogério Silva (PFL-MT): "Trabalho em todos os segmentos. A minha região é muito nova e é muito discriminada pelo governo do Estado. Os recursos são pequenos diante da carência".
Roland Lavigne (PFL-BA): "Busco os critérios de miséria e pobreza. Tenho que botar dinheiro nas minhas bases. Alguém faz diferente?"
Rubens Cosac (PMDB-GO): "Minha mulher é prefeita (em Ipameri). Se não atender as prioridades, a minha mulher e a minha cidade natal, o que faço?"
Sarney Filho (PFL-MA): "Busco a base eleitoral por motivos evidentes. Se todos têm o mesmo grau de dificuldade, por que não priorizar minha base?"
Saulo Queiroz (PFL-MS): "As emendas não foram nem partidárias, mas o critério foi visivelmente político. Eleição implica esse nível de compromisso, acho legítimo".
Sebastião Madeira (PSDB-MA): "Saí eleito de Imperatriz. Além de ser minha maior base, está abandonada na área de saneamento".
Serafim Venzon (PDT-SC): "Gostaria de colocar alguma coisa em todos os 209 municípios em que fui votado. Atendi pedidos de Brusque (onde é candidato) porque é uma cidade-referência".
Theodorico Ferraço (PTB-ES): "Estou na Câmara representando meu município, tenho que trabalhar por ele. Incoerência seria fazer emendas para outros Estados".
Wolney Queiroz (PDT-PE): "Conheço a realidade de Caruaru (onde o pai é prefeito). A forma como o governo estabelece o destino das verbas e os cortes faz com que a gente atenda primeiro as bases".
Todos os outros parlamentares citados no quadro foram contatados, mas até as 20h de sexta-feira (31/5/96) não haviam respondido às perguntas feitas pela Folha".

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