São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996 |
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Teste de virgindade comove ocidentais
MAURICIO STYCER
Serpil Salagin, professora de medicina legal na Çukurova University, em Adana (sul da Turquia), falou para uma platéia formada por 50 mulheres, a maioria da Europa ocidental e dos EUA, no Fórum das ONGs (organizações não-governamentais), que ocorre paralelamente à Habitat 2. Segundo a médica, o exame de virgindade costuma ser pedido pelos pais da adolescente ou por diretores de internatos. "A menina começa a chegar em casa 15 ou 20 minutos mais tarde do que costumava chegar. A mãe desconfia que ela arrumou um namorado e a leva ao médico para o exame", disse Salagin, para espanto das norte-americanas e européias presentes. Internatos "Outra situação comum: o diretor, ou diretora, do internato acha uma menina muito atraente ou não gosta das roupas que ela usa. Ou do batom, ou dos brincos. E manda a menina para exame", afirmou. Em Adana, uma cidade de 2,5 milhões de habitantes, são realizados cerca de 500 exames de virgindade ao ano, segundo Salagin. Uma médica francesa lembrou que muitas adolescentes perdem a virgindade por acidente, se masturbando ou, mesmo, cavalgando. Uma médica norte-americana observou que o exame de virgindade não tem valor científico algum por apresentar uma taxa de imprecisão muito alta (é fácil o médico se confundir e diagnosticar como não-virgem uma virgem). Cultura Salagin concordou: "Os médicos turcos ignoram os fatos médicos por causa de sua cultura. O mais espantoso é que eles realizam o exame e anotam o resultado no prontuário da paciente", disse. Diante das exclamações da platéia que o exame de virgindade é uma "clara" violação dos direitos da mulher, a médica acrescentou que não há nenhuma lei na Turquia que proíba que o exame seja realizado. "A honra familiar ainda é muito importante. A Turquia é um país tradicional." Texto Anterior: Ruth aponta "criatividade" Próximo Texto: Cães, filhos e saúde dos turistas são discutidos Índice |
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