São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Plano de saúde agora tenta negociar

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas de planos de saúde já estudam reduzir o percentual de aumentos nas mensalidades, depois que o governo decidiu, na sexta-feira, cancelar os reajustes realizados desde abril.
Ainda nesta semana, a Unimed do Brasil, por exemplo, pretende apresentar ao governo outras opções de reajustes.
Inicialmente, a empresa pleiteou aumento de 36%. Na reunião de sexta-feira, a Unimed recuou para 35%. Agora, já está decidida a negociar um percentual menor.
"Nossos estatísticos e técnicos atuariais já estão trabalhando para chegar a novos números", disse Edmundo Castilho, presidente da Unimed do Brasil, que falou à Folha durante o final de semana.
A Unimed -uma cooperativa de médicos que atua no setor de convênios- pretende marcar para esta semana um novo encontro com os técnicos de Brasília.
A empresa tem 10 milhões de beneficiários espalhados pelo país e boa parte dos planos deve ser reajustada no mês que vem.
"O que não se pode impor é um reajuste insuficiente." O governo acusa as empresas de reajustarem as mensalidades em 40% nos últimos 12 meses, frente a uma inflação de 20% registrada no período.
A maior dificuldade, segundo o presidente da Unimed, é determinar um único número para corrigir as mensalidades. Isso porque, no seu caso, a empresa reúne 330 cooperativas médicas e os custos de operação de cada uma variam de uma região para outra.
Congelamento
Se o governo congelar os preços das mensalidades dos planos de saúde ou arbitrar um percentual de reajuste, a Unimed entra com uma ação na Justiça, afirmou.
Na opinião de Castilho, esse cancelamento dos aumentos não vai ter consequências. É que as empresas vão tentar primeiro retomar as negociações com o governo nos próximos 15 dias.
"Um dos caminhos possíveis é voltar a negociar com o governo para tentar neutralizar essas medidas. Mais uma vez vamos explicar os nossos dados", disse no sábado Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), que reúne 240 empresas do setor.
Almeida, que passava o final de semana em Bertioga (SP) após participar da reunião de sexta, disse à Folha que ficou surpreso quando soube pelos jornais sobre a decisão do cancelamento.
"Na sexta-feira, o governo não disse o que iria fazer. Foi uma intervenção na economia muito violenta", afirmou Almeida.
A Abramge reivindica reajuste entre 26% e 32% nas mensalidades dos planos de saúde para cobrir os aumentos de custos. Na reunião de sexta, manteve esse percentual.
Segundo Arlindo, a entidade quer primeiro ter conhecimento das medidas do governo por escrito. Depois, vai consultar seu departamento jurídico e, só então, deve tomar alguma decisão.

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