São Paulo, segunda-feira, 3 de junho de 1996
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Supertime não surpreende a 'era Pelé'

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltaram adversários para o supertime do Palmeiras se mostrar à altura do supertime do Santos da era Pelé.
Essa é a opinião de três ex-jogadores do mítico Santos dos anos 60. A convite da Folha, Pepe, Lima e Mengalvio assistiram ao jogo de ontem no Parque Antarctica.
Reconhecidos nas numeradas do estádio por torcedores palmeirenses, especialmente os mais velhos, os craques santistas eram respeitosamente saudados.
Mesmo reconhecendo a boa fase do Palmeiras, não se rendem ao time de Wanderley Luxemburgo.
"O Santos não foi o Santos só porque venceu um Paulista. Venceu duas Libertadores e dois Mundiais. Só não venceu mais porque a diretoria do clube deixou de lado essas competições. Esse Palmeiras terá de repetir isso", afirmou Pepe.
Lima resume bem a dificuldade de comparação. "O Santos foi o supertime da década, e não só de um Paulista."
Outro fator que dificulta a comparação, segundo os ex-craques santistas, é a falta de adversários para o Palmeiras neste ano.
"O Santos era um supertime, mas o Palmeiras era grande, o São Paulo era grande, o Corinthians ia bem, até jogar contra nós. O Palmeiras não teve adversários neste ano", declarou Lima.
Isso sem falar nos times do interior. Na épocas dos campeonatos sem TV, a pressão e a violência em campo contra os times grandes no interior era muito grande.
"Era muito difícil ganhar da Ferroviária, do América, do Botafogo na casa deles", disse Lima.
Além disso, lembram que esta é a primeira vez que esse Palmeiras faz cem gols num Paulista. "Nós fizemos isso umas quatro vezes", afirmou Lima.
Mengalvio acha difícil comparar os dois times pois o futebol de hoje é muito diferente do dos anos 60.
Para Lima, "hoje, a preparação física é mais importante".
Para eles, a arbitragem hoje em dia também facilita a vida das equipes técnicas e dos bons jogadores, principalmente os atacantes. "Os juízes de atualmente são muito mais severos com a violência em campo", disse Lima.
Questionados sobre qual jogador do Palmeiras de hoje teria lugar no Santos de 1961, surge a primeira dúvida: "Como titular?", questionou, ironicamente, Pepe.
"Acho que Djalminha disputaria posição", completou Lima. "O problema é quem sairia."
Mas Pepe colocou o ponto no qual o Palmeiras de hoje talvez mais lembre o antigo Santos.
"Você senta para ver e sabe que vai assistir um bom espetáculo. Dá gosto de ver."

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