São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Conferência começa com críticas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Com 15 minutos de atraso, começou oficialmente ontem a Habitat 2, em Istambul.
Até 14 de junho, cerca de 20 mil delegados -entre representantes de governos, ONGs e iniciativa privada- debatem soluções para melhorar a vida nas cidades.
Por volta das 18h (horário de Brasília), uma bomba explodiu em um prédio que fica a 2 km do local onde se realiza a conferência.
As autoridades turcas reforçaram o esquema de segurança, que tem cerca de 27 mil policiais.
Apesar de ser a última conferência da ONU neste século, a Habitat 2 reuniu menos delegados que outros eventos da década. A ECO-92 (Rio de Janeiro) reuniu 50 mil pessoas, por exemplo.
A crise financeira da ONU -que não vem recebendo verbas de contribuintes importantes, como os EUA-, críticas sobre o alto custo da conferência e o questionamento da utilidade prática desses encontros deram um perfil menos importante à Habitat 2.
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali rebateu as críticas em seu discurso de abertura.
"Declaro, em termos enérgicos, que as conferência da ONU são essenciais para o trabalho da entidade, e o cumprimento de suas determinações são cruciais para o futuro do planeta", disse.
Um dos pontos polêmicos é sobre moradia. Países em desenvolvimento querem que moradia seja um direito universal. EUA e Japão se opõem. A polêmica ocorre porque documentos da ONU só são assinados em consenso.
Representantes do Grupo dos 77 -países em desenvolvimento da África, América Latina, Caribe e a China- reafirmaram sua posição.
"A Habitat 2 deve conter uma clara reafirmação ao direito à moradia adequada", disse Antonio di Pietro, ministro de Obras Públicas da Itália, pela União Européia.
Os EUA também reafirmaram sua posição. "Washington se opõe à moradia como direito. Corre-se o risco de obrigar judicialmente os Estados a dar casas a seus cidadãos. A responsabilidade é de toda sociedade" disse Michael Stegman, secretário-adjunto de Desenvolvimento do Departamento de Habitação dos EUA.
Stegman disse ainda que os países que defendem o direito à moradia devem adotar legislação que os defenda de ações judiciais.

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