São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Crediário dá novo fôlego à indústria

FÁTIMA FERNANDES
MÁRCIA DE CHIARA

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes de bens intermediários já estão se beneficiando da política de crédito mais longo

O aumento do prazo do crediário, que fez as vendas crescerem quase 40% em um ano, deu novo fôlego à indústria no mês passado.
Além das empresas de eletroeletrônicos e calçados, agora quem está sentindo os efeitos do aumento do consumo são os fabricantes de bens intermediários, como tintas, produtos químicos, autopeças e até materiais de construção.
A recuperação foi sentida a partir de abril. Mas foi no mês passado que as encomendas chegaram a surpreender as indústrias.
"Achamos que o consumidor está com mais disponibilidade financeira", diz Ernesto Blumenthal, presidente da Abrafati, a associação dos fabricantes.
Ele conta que até março as fábricas que atendem o setor imobiliário e de repintura de automóveis estavam vendendo de 5% a 10% menos do que em igual período de 1995. Nos dois últimos meses, porém, houve reversão nas vendas, que agora estão nos mesmos patamares das do ano passado.
"O consumidor voltou a pintar a casa e a reformar o carro." Marcos Antoniassi, gerente da divisão de tintas industriais da Basf, conta que abril e maio foram os melhores meses do ano para a empresa.
A sua divisão Glasurit, que fabrica tintas para indústria de eletrodomésticos, embalagens e autopeças, registrou em maio aumento de 9% no faturamento sobre abril e de 10% sobre maio de 1995.
Para a Abrafati, as empresas devem terminar este ano com faturamento até 5% maior que o de 95.
Essa também é quase que a mesma perspectiva de crescimento da indústria química, que também vendeu bem em maio.
Guilherme Duque Estrada, da Abiquim (associação dos fabricantes), diz que o setor vai fechar o ano com aumento de até 6% sobre 95. "É dois ou três pontos percentuais a mais do que vai crescer o PIB (Produto Interno Bruto)."
A indústria química, diz, utilizou no mês passado cerca de 90% da capacidade instalada, em média.
Autopeças
Os fabricantes de autopeças para reposição também não têm do que reclamar. Na média, de janeiro a maio deste ano, as vendas e a produção foram 3% maiores do que em igual período do ano passado.
Nelson Higino, presidente do Sindipeças, que reúne o setor, diz que a venda para reposição nunca estive tão estável. "Junho vai continuar nesse ritmo se as autopeças dependerem de reposição."
Em maio, a Freios Varga aumentou 5% a venda para reposição sobre igual mês de 95 e 4% para as montadoras. Miguel Guazzelli de Araújo, presidente, diz que a tendência é a manutenção do ritmo.

LEIA MAIS sobre vendas na pág. 2-5

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