São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Nasce a 'revolução positiva'

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

"Hoje as pessoas têm preconceito contra você só porque não usa drogas ou recusa uma bebida em um bar." Silvana (sobrenome e idade negados pelo desejo de anonimato) recusa a idéia de que faz parte de um movimento. Mas todos do seu círculo a identificam como uma straight edge.
Nascido do desejo de se opor contra o niilismo crescente entre bandas de Punk e Hardcore, especialmente na América, os straight edge ("limite extremo", em tradução livre)-que não tomam para si o conceito de "movimento"- mantiveram apenas a agressividade da música. De resto, transgrediram a revolta juvenil.
Entres os preceitos, não fumar, consumir álcool, fazer sexo só por amor (uma parcela mais radical prega o ato apenas para a procriação) e uma radical ojeriza à carne.
Chamado por alguns de seus membros de "Revolução Positiva", o Straight Edge se espalhou em escala planetária à custa da fama de suas principais bandas. Uma delas, o Shelter, se apresenta dias 14 e 15 de junho em São Paulo.
Na Itália, acontecem festivais anuais dedicados aos 'edges'. Na Polônia -e em vários países do Leste-, tentam uma melhor organização. No Brasil, chegam a 200.
"A diferença entre o hardcore inglês e o que aconteceu nos EUA é que os primeiros eram da classe operária. E os segundos são mais esclarecidos. Por isso esse pensamento diferente", diz Rui, 23, straight edge há cinco anos.
Sua fala -ainda que distante do tom politizado- fornece o indício de que se trata, mais uma vez, de uma fúria nascida na classe média branca. Fundada na vontade adolescente de ser diferente.
LEIA MAIS sobre o Straight Edge à pág. 4-3

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