São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996 |
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"Rent" e "Bring in' da Noise" são os grandes vencedores do Tony
PATRICIA DECIA
A 50ª edição do Tony -o Oscar do teatro norte-americano- também premiou com quatro estatuetas outro expoente da chamada nova geração de musicais: "Bring in'da Noise, Bring in'da Funk", que trata das vida dos negros norte-americanos através da dança (veja lista completa dos premiados nesta página). "Bring in'da Noise..." inova na coreografia, que rendeu um Tony para Savion Glover, com uma nova versão para o clássico sapateado norte-americano. Inspirado na ópera "La Bohéme", de Puccini, "Rent" teve um sucesso meteórico em Nova York. Em menos de quatro meses, o musical se mudou do pequeno teatro alternativo no East Village para a Broadway e ganhou o título de "Hair" dos anos 90. Com atores, autor e diretores desconhecidos, "Rent" se transformou no espetáculo mais procurado da temporada. Boêmios Seus protagonistas são um músico portador de HIV (Adam Pascal) e um videomaker (Anthony Rapp) às voltas com a falta de dinheiro para pagar o aluguel do apartamento que dividem. Em volta deles estão a atriz performática (Idina Menzel), a vizinha usuária de drogas (Daphne Rubin-Vega) e o escultor drag-queen (Wilson Jermaine Heredia, que ganhou o Tony de ator coadjuvante em musical), além do implacável dono do apartamento (Taye Diggs). O bar, os homeless, o "bip" tocando no hora de tomar o AZT (remédio para Aids), a psicoterapia de grupo e os romances homossexuais formam o cotidiano dos personagens da peça. Jonathan Larson, o autor de "Rent", morreu vítima de um aneurisma aos 35 anos em janeiro de 96, uma semana após a estréia. Em sua última entrevista, Larson afirmou que escreveu "Rent" motivado por sua necessidade de "responder, de alguma maneira, aos amigos que estavam sofrendo com a Aids e de celebrar a vida das pessoas que morreram jovens". Não dá para esperar um grande aprofundamento na abordagem do tema, afinal trata-se de um musical da Broadway, mas o sucesso de "Rent" é representar a vida de jovens nova-iorquinos com suas roupas de brechó e sua maneira de viver fora dos padrões. A estética foi tão bem aceita que até a Bloomingdale's -uma das mais famosas lojas de departamentos da cidade- montou uma seção dedicada a roupas inspiradas no figurino de "Rent". No palco, muitos dos atores usaram o guarda-roupa pessoal -montado em mercados de pulga e lojas alternativas. Ópera-pop As músicas de Rent misturam o clássico estilo dos musicais com alguns toques de rock e soul. Mais do que ópera-rock, "Rent" pode ser considerada uma ópera-pop. Rubin-Vega, por exemplo, usa o estilo Mariah Carey para interpretar as canções de Mimi, a usuária de drogas, que se apaixona pelo personagem de Pascal. Pascal, por sua vez, está sendo considerado um dos melhores cantores do espetáculo. "One Song", uma balada sobre seu desejo de escrever uma música de sucesso antes de morrer vítima da Aids, é apontada como um provável sucesso de FMs assim que o disco for lançado. A trilha sonora já está sendo gravada em CD e deve chegar às lojas nos próximos meses. Texto Anterior: Marcelo Paiva fala hoje no Universo Online; Ciclo de debates sobre design se encerra hoje; Paulo Coelho ganha novo prêmio literário; Alfândega apreende 114 obras de Jean Arp Próximo Texto: OS VENCEDORES DO TONY Índice |
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