São Paulo, terça-feira, 4 de junho de 1996
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Krishnas se infiltram entre os membros

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Há vários fanzines em São Paulo que tentam explicar ao leigo do que se trata o movimento Straight Edge. Um dos mais procurados é o "Liberation", que faz uma certa interação com os membros do resto do mundo.
A intenção do "Liberation" é também promover as bandas brasileiras de Hardcore- uma variação sonora mais agressiva do que o Punk-, que se apresentam quase todos os finais de semana em uma casa chamada Black Jack, em Santo Amaro.
"No início, os donos do lugar não queriam que as bandas tocassem lá. É que o público não consumia nada, nem uma cerveja. Assim a casa não tinha lucro. Mas agora está tudo bem", fala Silvana. Ela também faz parte de um grupo. Mas, segundo diz, o som não é straight edge.
Se há algo que assusta os membros do Edge, não só no Brasil mas nos EUA e Europa, é uma estranha ligação entre uma parcela do grupo e os líderes Hare Krishna.
Pela coincidência dos preceitos básicos serem quase os mesmos (principalmente no vegetarianismo militante, conhecido como "Vega"), membros da comunidade Krishna atraíam vários jovens para seus templos.
Mídia adolescente
Enquanto grande parte da mídia ainda qualifica tudo como mais uma moda passageira, ou curiosa, entre os jovens, essa religião de origem indiana agia mais rápido.
Um dos membros do Shelter se converteu ao Krishna (e, segundo algumas entrevistas, não dorme com uma mulher há dez anos) ao mesmo tempo que o grupo saía dos guetos americanos e entrava nas paradas mundiais. O grupo ficou semanas entre os 20 mais pedidos da MTV brasileira.
"Hoje, várias pessoas vão aos shows, mas não sabem exatamente o que significa tudo", reafirma Silvana, em um tom de desconforto com aqueles que consomem a música e desconhecem todo o resto.
Em uma linha imaginária do tempo da cultura pop, os pais de Silvana poderiam ter sido hippies. E seu irmão mais velho, um punk de primeira hora. Sua grande rebeldia se volta agora contra as liberdadeado".

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