São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
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Rombo chegou a R$ 6,7 bilhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A descoberta de novos passivos (débitos) do Nacional fez crescer ainda mais o rombo patrimonial da parte "podre" do banco, que ficou sob a administração do BC.
O patrimônio líquido do Nacional, originalmente estimado em R$ 4,6 bilhões negativos, passou para R$ 6,734 bilhões negativos, segundo a conclusão do inquérito.
Um banco tem patrimônio líquido negativo quando deve mais dinheiro do que tem a receber.
Quando o banco está sob administração do BC, os cofres públicos é que cobrem a diferença.
A Comissão de Inquérito apurou que não haviam sido separados, nos cálculos iniciais, recursos para cobrir o pagamento de ações judiciais no valor estimado de R$ 1,2 bilhão e de ações trabalhistas avaliadas em R$ 380,2 milhões.
Omissão
Esses valores não constam no balanço do Nacional feito em 18 de novembro de 1995, um dia depois da intervenção.
Outros bens e créditos do Nacional tiveram seu valor rebaixado na revisão feita pela comissão.
A parte "ruim" do banco, que ficou sob administração do BC, recebeu R$ 5,898 bilhões do Proer (programa de socorro a bancos). Foi a forma de viabilizar a venda da parte "boa" ao Unibanco.
Para equilibrar essa conta -não havia ativos suficientes-, o Unibanco levou R$ 2,661 bilhões do total emprestado pelo Proer. Nas mãos do BC ficaram as dívidas do Nacional, créditos de baixa qualidade e a carteira de empréstimos fraudulentos (R$ 5,367 bilhões).
Bens
Oficialmente, o BC diz que é possível recuperar o que foi gasto com o rombo do Nacional. Os bens dos ex-administradores e ex-controladores, tornados indisponíveis, seriam utilizados com esse fim.
Mas ainda há outros gastos do BC que permanecem em mistério.
Sabe-se que o BC comprou, em nome do Nacional, R$ 7,1 bilhões em títulos "podres" -sem valor de mercado- que serviram de garantia ao empréstimo do Proer.
Calcula-se que foram gastos entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões na operação, dependendo do deságio.
Passados seis meses da intervenção, o BC ainda não informou ao Senado os detalhes da operação.

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