São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996 |
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Brown vai a Paris e a teenbolada é campeã
MATINAS SUZUKI JR.
Veja bem, baby, que amanhã, no estádio Olímpico da agradável Porto Alegre, que me tratou tão bem, estarão os dois times brasileiros mais consistentes das últimas temporadas. É impressionante a regularidade dos bons resultados nos dois lados. Embora pertençam a escolas diferentes na formatação de jogo, amanhã teremos um desses raros encontros em que os dois times entram em campo sabendo direitinho o que pretendem fazer em cima da relva verde. São duas escolas modernas de futebol, onde a esquematização tática, o módulo de jogo, parecem ser aqueles fios invisíveis que dão a arte de movimento às marionetes: cada movimento de um membro está vinculado ao dos outros, o resultado é uma dinâmica de preenchimentos de vazio, de conquistas de espaços, de ocupação de terrenos capaz de dar inveja ao mais organizado dos movimentos dos Sem Terra. O movimento do Grêmio lembra mais uma catapulta: ele se encolhe, junta-se todo para concentrar mais forças e, quando faz seu disparo, armazenou força suficiente para sobrevoar a linha inimiga. (Sua vanguarda é articulada pelo "braveheart" Paulo Nunes e seus sete fôlegos; sua artilharia é comandada pelo papo cabeça do Jardel, o homem que dispensou os pés para jogar futebol e que transformou a expressão "go ahead", vá em frente, em "gol à head". Não me lembro quem sugeriu, peço desculpas, o Jardel, que teria 22 anos, na teenbolada do velho Lobo do fut Zagallo. Olhaí, mais uma opção quicando...). Já o Palmeiras é uma metamorfose constante entre o polvo e a pólvora: tentáculos-dedos com a mão no gatilho, esparramados por todo o mar verde do gramado, prestes a disparar com a velocidade de um Jesse James de seriado. Se a perfilação gremista em campo lembra mais a disciplina guerrilheira de uma força de infantaria, a tática palmeirense é a da guerra de guerrilha, de atacar por todos os lados ao mesmo tempo. Quando um time está fogo de ladeira acima, o elenco se nivela por cima. Rivaldo, Muller e Djalminha estão aí a puxar, como madrinhas, o bom futebol apresentando pelo lateral esquerdo Júnior, ou pelo zagueiro-artilheiro Cléber. Enfim, as camisas verdes levam uma vantagem amanhã, porque venceram o primeiro jogo por 3 a 1, e o time está tinindo, tinindo trincando, com o sebo nas canelas, como se dizia antigamente. Mas os camisas azuis, no palco das tradições gaúchas, com o ventos dos pampas e o calor da ventas crescendo na disputa, oferecerá resistência histórica, ali, o país de combatentes. O espírito de luta garibaldino, que une o Sul do país à Itália do Palmeiras e da Parmalat, estará flamejando amanhã de novo, para desgraça e glória dessa nossa vida. * Só porque o Carlinhos Brown foi lançar o seu disco em Paris, a teenbolada brasileira trouxe mais um título da França. Texto Anterior: Tudo sobre a luta Próximo Texto: Em Americana Índice |
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