São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serra é mais temido pelo PT no 2º turno

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

Motivo: "O projeto neoliberal é muito forte, como o demonstram o fato de o presidente mexicano Carlos Salinas de Gortari ter feito o seu sucessor e Carlos Menem ter conseguido a reeleição na Argentina". A avaliação é de Aloizio Mercadante, candidato a vice do PT.
Na cúpula do partido, a Folha obteve avaliação bastante parecida, mas à qual se acrescenta o temor de que um segundo turno entre Serra e Luiza Erundina beneficiará o senador tucano, dado o alto índice de rejeição da ex-prefeita.
Em todo o caso, o PT não joga a toalha. Acredita que a suposta força do projeto neoliberal pode ser combatida com propostas criativas para problemas locais.
"A população de São Paulo perde duas horas por dia dentro do carro, já se fala em rodízio de veículos para enfrentar a poluição, há inúmeras áreas da cidade sujeitas à inundações", lista Mercadante.
A julgar pelo que diz Mercadante, um dos mais veementes críticos da política econômica federal, desta vez o PT não vai bater de frente com o Plano Real, como em 94.
O PT dá, agora, um valor à estabilidade que negou há dois anos. Mas pretende, diz Mercadante, oferecer "respostas criativas, ao alcance do poder municipal, para ajudar a construir uma estabilidade que dê ênfase à solidariedade".
Como? Por meio, por exemplo, dos "sacolões", venda direta de alimentos, para baratear (ou manter barata) a cesta básica.
Mercadante e a cúpula petista dão como certo que Erundina estará no segundo turno. Restaria apenas saber contra quem.
Os inimigos
A avaliação obtida pela Folha a respeito dos três principais adversários do PT é a seguinte:
Celso Pitta (PPB) - É considerado fraco, mas com grande potencial de crescimento pelo papel de Maluf como cabo eleitoral. "A gente sente a presença do malufismo nos bairros", ouviu a Folha do comando petista. Além do prefeito-cabo-eleitoral, o PT cita o fato de que o PPB terá muito dinheiro e bom tempo na TV.
Francisco Rossi (PDT) - O PT acha difícil que Rossi se mantenha no patamar em que aparece hoje nas pesquisas (segundo lugar). Mas também será mais difícil de se derrubar do que parece. "Ele tem uma militância, embora difusa, e é muito bom de TV", avalia o PT.
José Serra - Tem, como Pitta, a vantagem de poder contar com muito dinheiro para a campanha, sempre na avaliação petista. Além disso, é favorecido pelo que o PT julga apoio forte da mídia. Desvantagem: "Tem pouco carisma, menos por exemplo do que FHC", acha o PT.

Texto Anterior: Como combater o desemprego, versão tucana
Próximo Texto: Comercial do PPB é contestado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.