São Paulo, sexta-feira, 7 de junho de 1996 |
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REFORMAR E GOVERNAR O governo Fernando Henrique Cardoso torna-se cada vez mais prisioneiro do quórum mínimo necessário para reformar a Constituição. Desde o primeiro dia, o presidente fez uma aposta, até agora única, nas reformas constitucionais. Primeiro, a propósito dos capítulos relativos à Ordem Econômica. Depois, das reformas previdenciária, administrativa e tributária, esta, postergada para um futuro indefinido. Poucos negam a importância dessas reformas. Mas praticamente um ano e meio após a posse, elas caminham vagarosamente, para dizer o mínimo. Mesmo as da Ordem Econômica, aprovadas pelo Congresso, carecem da regulamentação, indispensável para dar-lhes eficácia prática. Prisioneiro das reformas, um projeto de médio e longo prazo, o governo parece ter-se esquecido de que, se reformar era e é preciso, agir no curto prazo também o é. Governar significa não apenas planejar para o futuro, mas também enfrentar as dificuldades de curto prazo, que não são poucas, como é mais do que óbvio, com medidas concretas. É razoável supor que a forte queda da popularidade presidencial, medida em pesquisa do Datafolha, se deva, no essencial, à percepção de que o governo trabalha apenas em projetos de maturação a médio e longo prazo. O próprio presidente tem dito, seguidamente, que "o país tem pressa". De fato, tem. Mas é uma urgência que não se restringe à necessidade de reformas estruturais. Cresce, por isso, a sensação de que o Planalto está paralisado. Injusta ou não, é hoje uma percepção muito difundida na opinião pública. Para combatê-la, parece necessário que o governo trabalhe com dois projetos. Um, de médio e longo prazo, consubstanciado nas reformas estruturais. O outro, a operação do dia-a-dia, adotando providências de interesse da sociedade e que produzam um efeito tão imediato quanto possível. Esse é o desafio. Texto Anterior: VIÉS MACRO Próximo Texto: A CLÍNICA DA MORTE Índice |
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