São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996 |
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Temor de juros altos derruba Bolsas
OSCAR PILAGALLO
A queda seguiu-se à divulgação, em Washington, dos dados de desemprego no país, que mostraram que a economia norte-americana continua mais aquecida do que as autoridades monetárias provavelmente consideram desejável. Em maio, foram criados 348 mil novos empregos nas cidades norte-americanas, duas vezes mais do que os analistas esperavam. O desemprego só não caiu porque a força de trabalho cresceu ainda mais, com a entrada de 550 mil pessoas no mercado. O índice acabou subindo de 5,4% em abril para 5,6% no mês passado. Foco fechado O mercado financeiro, no entanto, só prestou atenção na criação de empregos. A opinião predominante é que o vigor da economia captado pelo índice do governo coloca em risco a política de controle inflacionário. Para evitar esse risco, o banco central dos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve), poderá elevar os juros no início do próximo mês, quando haverá reunião da diretoria. Na teoria, juros mais altos tendem a esfriar a economia. Ontem, o título do Tesouro de 30 anos -um dos papéis cujo comportamento é mais observado pelo mercado- já subiu de 6,90%, na véspera, para 7,05% ao ano. No plano político, a criação de empregos foi comemorada pelo presidente Bill Clinton, que tenta a reeleição em novembro. Ele explorou o potencial eleitoral dos novos dados. Lembrou que há 21 meses o índice de desemprego -que ele herdou em 7,6% do republicano George Bush- está abaixo de 6%. Clinton fez um apelo para que o Fed não suba os juros, argumentando que a medida é desnecessária pois não há pressão inflacionária, com a taxa anual estacionada em torno de 3%. O Fed, no entanto, é um órgão independente e está mais preocupado em cuidar da moeda do que em agradar o presidente. Impacto no Brasil Uma eventual alta dos juros nos Estados Unidos teria efeitos na economia global. Com a maior remuneração do dólar, as outras moedas precisariam compensar a diferença, sob pena de serem desvalorizadas. Nesse caso, o real não seria uma exceção. O resultado seria um movimento uniforme de alta dos juros. Com agências internacionais LEIA MAIS sobre mercado financeiro na pág. 2-6 Próximo Texto: Aumento da frota; Na contramão; Entre vizinhos; Compensação externa; Quem renegocia; Sem interferir; Aumento de capital; Última chamada; Fim anunciado; Duas rodas; Central nacional; Novo controlador; Prateleira cheia; Posição perdida; Corte de despesas; Armando o xerife Índice |
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