São Paulo, sábado, 8 de junho de 1996
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Guerrilheiro nega morte de Pol Pot

Camboja não sabe se ex-ditador morreu

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um oficial do Khmer Vermelho negou ontem que o líder da guerrilha, Pol Pot, esteja morto.
A informação de que Pol Pot teria morrido, em consequência de malária e hipertensão, foi divulgada anteontem em Phnom Penh (capital do Camboja) e na fronteira da Tailândia com o Camboja, onde o Khmer Vermelho atua.
"A informação sobre a morte de Pol Pot não é verdadeira", disse o oficial, que se identificou como Mit Chien, em base guerrilheira perto da fronteira com a Tailândia.
Ditadura
Pol Pot liderou o regime comunista que matou mais de 1 milhão de pessoas nos anos 70. Não se sabe se ele tem 68 ou 71 anos.
Seu governo foi derrubado por uma invasão do Vietnã, em 1978, após quase quatro anos de regime ditatorial.
Fontes da inteligência tailandesa também disseram que ele está vivo. Elas afirmaram que a notícia da morte do líder do Khmer Vermelho pode ter sido divulgada intencionalmente pelo governo do Camboja, ou ter sido simplesmente um erro.
"Acredito que a informação foi divulgada intencionalmente por uma facção do governo cambojano para dizer ao povo que o Khmer Vermelho está à beira da morte", disse uma fonte do serviço de inteligência tailandês.
A guerrilha continua combatendo o governo cambojano a partir de bases junto à fronteira com a Tailândia.
O governo do Camboja afirmou ontem que ainda estava tentando confirmar a morte de Pol Pot.
O coronel Bun Chhun Ly, vice-comandante da polícia na Província de Battambang, disse ter obtido de seus homens a informação de que Pol Pot estaria gravemente doente e pode ter morrido, mas não havia confirmação.
A Província do noroeste do país faz fronteira com a área controlada pelo Khmer Vermelho.
A rádio dos guerrilheiros não fez ontem qualquer menção ao líder, limitando-se a dar notícias sobre suas ações, intercaladas por música militar.
Combatentes
O governo estima que ainda existam cerca de 6.000 guerrilheiros do Khmer Vermelho em atividade. Há sete anos, o número chegava a 50 mil.
Analistas acreditam que se a morte de Pol Pot for confirmada, os combatentes que restam devem se dispersar em bandos rivais.
Especula-se também que a notícia da morte pode ter sido divulgada para testar a reação do governo e, possivelmente, abrir caminho para que líderes mais moderados iniciem o diálogo com o governo.

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