São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Alerta de Dornbusch

MARCOS CINTRA

Os mercados são sensíveis a episódios sobre a economia brasileira. Bastaram as declarações do conhecido economista, professor do MIT, de que o Brasil pode estar a caminho de uma crise no estilo mexicano, em razão da dependência de capitais externos de curto prazo, para levar tumulto às Bolsas e mercados financeiros internacionais, envolvendo títulos da dívida externa e cotação do dólar.
Isto porque pairam dúvidas em relação à sobrevida da estratégia do Real, de âncora cambial e juros altos, e seus reflexos no déficit público. Diferentes correntes de opinião concordam que o plano depende de ajuste fiscal.
Por conta disso, a Previdência já projeta um buraco de R$ 2,7 bilhões para este ano. Enquanto o ministro da pasta aponta saídas óbvias, como combate à sonegação, cobrança administrativa e judicial ágeis, seu secretário executivo diz que a saída será o Tesouro cobrir o buraco final.
A Secretaria de Direito Econômico cria um índice temporário para aumentos nas mensalidades dos planos de saúde. Na contramão da política de desindexação do governo.
O ministro da Fazenda reagiu à repercussão internacional das declarações do economista, usando frase de efeito. Saída cômoda, que não explica nada. Só reforça a incerteza que acomete os agentes econômicos e a sociedade, dada a falta de informações precisas sobre a composição das reservas externas e de um horizonte razoável para ordenamento das finanças públicas.
Falta de informação, medidas contraditórias e blague oficial alimentam boatos e comprometem a credibilidade do governo. Aqui e lá fora.

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