São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Antipatias

SILVIO LANCELLOTTI

Aconteceu na quarta, na Malásia, a reunião inicial do comitê conjunto de pré-organização da Copa de 2002.
Não foi um encontro caloroso. Vencedor da batalha pela sede do torneio na Fifa, o coreano Chung Mong Joon, leia-se Hyundai, abusou da presunção na conversa com Takeshi Naganuma, apelidado Ken, o presidente da federação do Japão.
Observadores isentos da reunião asseguram que entre os dois cartolas já se levantou uma barreira de antipatias pessoais.
O suíço Sepp Blatter, secretário-geral da Fifa, ainda avivou o princípio de incêndio com uma tempestuosa ameaça: "A Fifa somente tomará uma decisão definitiva em dezembro. Até lá, cabe aos dois países provar que podem trabalhar juntos".
O excesso de cautela é fruto da enxurrada de péssimas repercussões que sucedeu à decisão inusitada de se realizar uma Copa do Mundo em dois países.
Michel Platini, co-presidente do comitê de organização do certame de 98, batizou a decisão de "uma aberração".
Complica muito mais a questão, a batalha sanguinolenta pelo marketing da primeira Copa do século 21. Até semanas atrás, brigavam pelo butim a ISL, braço comercial da Fifa, e a IMG, do bilionário australiano Robert Murdoch, dona dos direitos do Euro de seleções, propostas acima de US$ 1 bi.
Entrou em cena, porém, também a Team Agency, que cuida da Copa dos Clubes Campeões do Velho Continente. Entrou com um projeto irrecusável no papel: cerca de US$ 1 milhão para cada uma das 191 afiliadas da Fifa; cerca de US$ 3 milhões para cada uma das 32 finalistas de 2002; cerca de US$ 650 mil por partida disputada, mais uma infinidade de benesses. Quatro vezes a grana distribuída pela Copa de 1994.
Comenta o italiano Antonio Matarrese, do comitê de pré-organização: "Estamos diante da maior encruzilhada da história do futebol".

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