São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Brasil busca reviver gesto de Senna

Indy faz 8ª etapa hoje

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

O gesto que consagrou Ayrton Senna junto ao público brasileiro, tornando-o um dos mais populares esportistas do país em todos os tempos, faz dez anos.
A bandeira brasileira, empunhada na volta da vitória, tremulou pela primeira vez em Detroit (EUA), no dia 22 de junho de 1986.
Oportunismo, autopromoção ou uma pequena amostra do que o tino para o marketing do piloto era capaz, o gesto surgiu, segundo o próprio Senna, como uma homenagem a um país entristecido.
Um dia antes, a seleção brasileira de futebol havia sido derrotada pela França, nos pênaltis, e eliminada da Copa do México.
Ao conquistar a quarta das 41 vitórias de sua carreira na F-1, o então piloto da Lotus resolveu, a sua maneira, levantar o ânimo da nação e pegou a bandeira em Detroit.
E é essa mesma cidade que recebe hoje, a partir das 14h (de Brasília), alguns dos seguidores de Senna no automobilismo mundial.
Sete brasileiros disputam o GP de Detroit, oitava etapa do campeonato de 96 da Indy, entre eles o precursor Emerson Fittipaldi.
Mas nem o veterano salva a campanha nacional na disputa deste ano. Os resultados dos brasileiros só serviram para aumentar, cada vez mais, a saudade de Senna.
André Ribeiro foi o único a desfilar com a bandeira do Brasil este ano -venceu a etapa do Rio de Janeiro- e é o piloto do país mais bem colocado no torneio: sétimo posto, 54 pontos atrás do líder.
O próprio Ribeiro mostrou condições de recuperar a reputação nacional ao fazer o melhor tempo no treino oficial de sexta-feira.
Christian Fittipaldi e Gil de Ferran, o segundo e o terceiro daquela sessão, também têm condições de honrar a memória de Senna.
Decadência
É bem verdade que o circuito de Belle Island, uma ilha em Detroit, não é o mesmo que viu o tricampeão passear com a bandeirinha.
Aquele rodeava o Ranassaince Center, um conjunto de prédios altos e envidraçados cuja missão era, como diz o nome, dar nova vida à decadente área central da capital do automóvel.
Detroit jamais se recuperou. A F-1 se foi, chegou a Indy, mas em Belle Island, onde o traçado é um dos mais irritantes da temporada. Ultrapassagem, só nos boxes. Os trenzinhos se formam, e a corrida mais parece uma procissão.
Séquito que, porém, ganha dimensão histórica hoje se terminar liderado por um piloto do Brasil.

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