São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
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Cataclismas causaram extinções
JOSÉ REIS
Durante muito tempo, se debateu sua causa até ficar mais ou menos assentado que esta foi o impacto de gigantesco meteorito que deixou sua marca principal na península de Yucatán (atual México). Mas há quem prefira ver mera coincidência na simultaneidade dos dois fenômenos. Questão semelhante deve ocorrer com o trabalho de Paul Renne, do Centro de Geocronologia Berkeley (EUA), que comunicou em "Science" a identificação de correlação geológica precisa entre uma série de erupções vulcânicas que durou 1 milhão de anos no norte da Sibéria e a maior das extinções ocorridas há 250 milhões de anos no Permo-Triássico, que iniciou o reinado daqueles répteis, varrendo a maioria das espécies da Terra. A determinação de Renne se fez com datação isotópica. Salienta Richard A. Kerr ("Science", 270, 27) que Renne colocou no mesmo "momento geológico" as erupções e a extinção. Erupções As erupções despejaram mais de 2 milhões de quilômetros cúbicos de lava, que constituem os famosos "traps" da Sibéria (lençóis de basalto em forma de plataforma). A extinção foi a maior de todos os tempos. Renne acredita haver estabelecido correlação entre os dois cataclismos, mas outros cientistas preferem caracterizar como simples coincidência, afirmando que a extinção não seria o único fato a esperar de tão longa erupção. No limite entre o Permiano e o Triássico, 80% ou mais das espécies animais oceânicas e 70% das famílias de vertebrados desapareceram para sempre, aniquilando ecossistemas inteiros, ao lado de muitas outras calamidades. As datações de Renne e colaboradores foram confirmadas na China (pelo método do argônio-argônio). As divergências de outros especialistas são numerosas, inclusive quanto a detalhes metodológicos, e contrastam com a segurança de Renne. "Traps" Mas, comenta R.A. Kerr, até que se resolvam as incertezas, o maior argumento a favor do vulcanismo está nos "traps" siberianos que ocorreram numa série de pulsos separados por centenas de milhares de anos, sendo cada pulso dezenas de milhares mais potente que as erupções registradas em tempos históricos. Texto Anterior: Médico brasileiro tira 'naco' do coração e revoluciona cirurgia Próximo Texto: COMETA; GRIPE; RESFRIADO; GENÉTICA; CÂNCER; EVOLUÇÃO; SAÚDE; A PALAVRA Índice |
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