São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Astrônomo acha sinais na mata

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

Além do pescador e dos capuchinhos, Reza ouviu também antropólogos. Dizia-se que Alviano teria evitado um suicídio coletivo dos índios tikunas, também assustados com os meteoritos. Na verdade, os índios ficaram apavorados com os primeiros aviões que viram, na mesma época. O cientista agora está pesquisando indícios científicos do episódio.
O pesquisador conseguiu com Paulo Martins Serra, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), fotografias do Amazonas feitas pelo satélite Landsat.
Serra encontrou três astroblemas (cicatrizes deixadas pela queda de um meteorito) a cerca de 120 km de Benjamin Constant, onde mora o pescador Silva. Um deles, muito nítido, tem cerca de um quilômetro de diâmetro. No ano que vem, Reza pretende sobrevoar a floresta para observar a mancha captada pelo satélite.
Outro indício foi registrado pelo Observatório Jesuíta de La Paz (Bolívia). No dia da provável queda dos meteoritos, os sismógrafos do observatório registraram um abalo vindo do Brasil. "Foi um abalo de superfície, não um terremoto", diz Reza, que espera que os cientistas bolivianos terminem seus cálculos para ter certeza da relação entre os meteoritos da Amazônia e as ondas de choque registradas nos aparelhos. "A probabilidade de que elas tenham saído de lá é de 80%. O valor da energia liberada por um impacto desse tipo é compatível com o registrado pelo sismógrafo", afirma Reza.

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