São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996
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Ieltsin evita as questões sociais

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A campanha para a reeleição de Boris Ieltsin traz ingredientes típicos de um país ainda pouco acostumado à democracia. A estratégia ieltsinista explora o controle estatal sobre as principais emissoras de TV, usa estruturas do governo para convencer eleitores e insiste na tecla de que a vitória dos neocomunistas jogaria o país numa guerra civil.
As propostas de Ieltsin sobre como enfrentar a crise econômica nascida com a transição ao capitalismo ocupam espaço reduzido no arsenal de campanha. O presidente também dedica pouco tempo a suas teses sobre como ajudar a democracia a fincar raízes no país.
Ieltsin usa sua metralhadora verbal para disparar previsões "catastróficas" sobre as consequências de uma vitória dos neocomunistas. Um de seus assessores afirmou que os seguidores de Ziuganov se organizam em grupos paramilitares, treinados para entrar em ação caso o presidente consiga a reeleição.
No lado governamental, pesam acusações contra comandantes militares que, pressionados pelo Ministério da Defesa, ordenariam seus subordinados a votar em Ieltsin. Os soldados teriam ainda de enviar cartas a seus familiares, pedindo apoio ao presidente.
Autoridades regionais e diversos diretores de empresas estatais também se engajaram na campanha ieltsinista.
Uma das formas mais criativas de lembrar os eleitores das penúrias dos tempos soviéticos apareceu em Ulan Ude, uma cidade siberiana.
Os militantes ieltsinistas ofereceram um prêmio de US$ 200 para quem reunisse o maior número de cartões de racionamento de comida usados nos tempos da ex-URSS.
O governo argumenta que, se Ziuganov vencer, a população terá de enfrentar novamente o racionamento de produtos como açúcar, carne e vodca.
(JS)

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