São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
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José "Dornbusch" Sarney
FERNANDO RODRIGUES Brasília - O ex-presidente José Sarney (1985-1990) tem uma teoria que começa a se tornar realidade. Acha que os efeitos positivos de marketing do real têm vida mais curta do que imagina a complexa filosofia tucana.A análise de Sarney é paralela à do economista Rudiger Dornbusch para a economia. Por isso, contém um lado sensato e outro nem tanto. No caso de Sarney, há um dado concreto a seu favor. As pesquisas de opinião começam a falar a mesma língua do ex-presidente, indicando que a popularidade de FHC está caindo. Sempre cuidadoso para não reforçar a imagem de desafeto de FHC, Sarney vê nessa queda de popularidade o cumprimento de "uma lei inexorável". "Essa gratidão (da população) não existe a vida inteira. O sujeito não quer só comer frango. As aspirações vão se modificando, mudando de patamar. As pessoas vão querendo mais bem-estar", afirma Sarney. Dado a comparações externas, Sarney lembra sempre de vários exemplos históricos. O seu predileto é o de Winston Churchill (1874-1965), que foi primeiro-ministro britânico: "O Churchill ganhou a Segunda Guerra Mundial e perdeu a eleição logo depois. Os eleitores queriam outras coisas que ele não oferecia. Queriam empregos para reconstruir o país". Errado ou certo, Sarney prevê que a popularidade de FHC só deve andar ladeira abaixo a partir de agora. Nesse sentido, o ex-presidente aproxima-se aí do Dornbusch tresloucado, dando a impressão de o abismo estar na esquina. Sim, porque não é correto dizer que o governo esteja completamente imóvel perante a necessidade de ajustes do Plano Real. A equipe econômica tem adotado medidas cirúrgicas para tentar reaquecer a economia. Se terão efeito, é uma outra história. Mas a análise de Sarney tem um mérito. Mesmo que FHC consiga melhorar a economia, uma coisa é certa: "A mensagem programática de estabilização econômica já envelheceu". Texto Anterior: O arsenal de Serra Próximo Texto: Austeridade, senha de orgia Índice |
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