São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
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300 mil podem ficar a pé com rodízio

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O rodízio de veículos, previsto para agosto, poderá provocar um aumento no número de passageiros maior do que a capacidade de absorção do sistema de transporte coletivo de São Paulo.
Com o rodízio, cerca de 1,8 milhão de passageiros vão deixar de usar seus carros por dia.
O Metrô, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e os 11.350 ônibus de São Paulo, que transportam 9,7 milhões de passageiros diariamente, têm capacidade para receber um aumento de no máximo 1,2 milhão.
A medida, portanto, poderá afetar 600 mil passageiros ou 300 mil pessoas (para efeitos estatísticos, uma pessoa representa dois passageiros, uma vez que ele usa o transporte coletivo por duas vezes: ao sair de casa e ao retornar).
Duração O rodízio será realizado em agosto, de segunda a sexta, das 7h às 20h. Nas segundas, a medida atinge os veículos com placas de final 1 e 2. Nas terças, os com placas de final 3 e 4, e assim por diante.
A divisão foi feita de modo que 20% dos automóveis sejam proibidos de circular. Ou seja, 900 mil veículos por dia, considerando-se a frota total.
Na prática, levando em conta apenas a média de carros que realmente sai às ruas por dia, 600 mil carros deverão deixar de circular.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o índice de ocupação por veículo é de 1,5.
Portanto, 900 mil pessoas (600 mil x 1,5) não vão usar os carros por dia de rodízio, o que equivale a 1,8 milhão de passageiros.
O vereador Carlos Zarattini (PT), funcionário do setor de planejamento do Metrô, afirma que o sistema de transporte coletivo de São Paulo não comporta aumento nenhum. "Nos horários de pico, a capacidade está praticamente esgotada", diz o vereador. "Existe ociosidade nos outros horários, o que não adianta muito."
Justiça
A Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo pretende entrar na Justiça para garantir que os seus associados não sejam multados durante o rodízio de veículos.
O presidente da entidade, Ademar Gomes, afirma que a medida é inconstitucional, pois fere os direitos de ir e vir e de propriedade.
"É um absurdo impedir uma pessoa, que pagou o IPVA e as demais licenças, de usar o seu automóvel."
Ele diz que está estudando o projeto para impetrar, dentro de 15 dias, mandados de segurança em favor dos associados.

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