São Paulo, segunda-feira, 10 de junho de 1996
Próximo Texto | Índice

Importação domina mercado de máquinas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Forçada pela necessidade de competir, a indústria brasileira está investindo. Desde 1993, as compras de máquinas industriais não param de crescer. Neste ano, o consumo previsto é de US$ 20 bilhões, 5,5% mais que em 1995.
Isso poderia ser um sinal de vigor das fábricas brasileiras de equipamentos, não fosse por um detalhe: a mesma abertura econômica que fez os demais setores abrirem os olhos para a competição está tirando os fabricantes nacionais de máquinas do páreo.
Metade de todas as compras previstas para este ano são de produtos importados, calcula a Abimaq (associação dos fabricantes).
As importações saíram dos US$ 2 bilhões por ano na temporada pré-abertura econômica, no início da década, para perto de US$ 9 bilhões em 1996. Um salto de 50% sobre o ano passado.
Já a produção interna deve cair em torno de 5%, prevê a Abimaq.
Sem perspectiva
"Estamos utilizando 60% da capacidade das fábricas, a mais baixa da história do setor, e não há perspectiva de crescer", diz Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq.
Ele afirma que a competição com os fabricantes estrangeiros está se tornando cada vez mais difícil, especialmente por causa da incidência da carga tributária na cadeia produtiva, falta de financiamento e altas taxas de juros.
Para contornar a queda nas vendas, a Abimaq está sugerindo uma mudança no perfil das empresas do setor. Segundo Magalhães, as empresas devem se tornar representantes dos fabricantes estrangeiros no país.
"O empresário precisa ir lá fora buscar representação se quiser continuar faturando. Estamos nos transformando em revendedores e diminuindo a produção", afirma.
Menor que antes
Apesar de estar investindo mais, a indústria brasileira ainda está longe da modernização. Os US$ 20 bilhões de gastos com equipamentos previstos para este ano são 24% menores que os de 1980 (US$ 26,31 bilhões).
Magalhães calcula que, para colocar o parque fabril brasileiro perto do ideal, seria necessário investir US$ 30 bilhões por ano em máquinas, por três anos consecutivos.
Enquanto isso, fábricas de países como os Estados Unidos compram US$ 55 bilhões anuais em máquinas. No Japão e na Alemanha, os gastos giram em torno de US$ 60 bilhões.
Na China, economia emergente, forte concorrente no ramo de manufaturados, os investimentos já são de US$ 120 bilhões por ano.

LEIA MAIS sobre o setor de máquinas da pág. 2-3

Próximo Texto: Eventos subseqüentes; Falta de consideração; Peças decorativas; Mau exemplo; Ciências contábeis; Em recessão; Em instalação; Em sintonia; Pelo cano; Seguro redobrado; Pesquisa apurada; Horizonte ampliado; Guerra dos brinquedos; Vôo conjunto; Na rampa; Na renda; Sem exageros; Linhas chinesas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.