São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aleluia, tricolor!

JUCA KFOURI

O novo velho São Paulo está dando o ar de sua graça. Com o problema do Morumbi parcialmente resolvido, o tricolor reinicia o trabalho que redundou no bi mundial tão pouco tempo atrás. E em bases mais sólidas.
A começar pela contratação de Carlos Alberto Parreira, sempre uma lufada de inteligência no mundo do futebol. Goste-se ou não dele (e me apresso a dizer que gosto), Parreira é sinônimo de competência e de vitória.
A continuar com a volta de Moraci Sant'Anna, outro profissional raro que só engrandece o futebol. E, finalmente, com o anúncio de novos sonhos, Muller incluído.
A requisição do mais inteligente jogador brasileiro do momento é um lance psicologicamente perfeito, como se o São Paulo estivesse dando um aviso ao rival Palmeiras: o monopólio da eficiência acabou.
A direção são-paulina errou gravemente nos últimos dois anos ao não dizer qual era a exata extensão dos problemas, ao não mostrar que na esteira do sucesso do começo da década estava escondida uma bomba de efeito retardado, travestida de incúria e corrupção, algo que fisicamente apodreceu os alicerces do estádio e, moralmente deprimiu a orgulhosa alma tricolor.
Que os novos velhos tempos tenham as mesmas raízes que sempre fizeram do Morumbi um modelo. E que o passo da profissionalização de seus dirigentes venha a seguir, para que o São Paulo volte a lutar pela liderança na modernização do futebol brasileiro.
*
Já que quem só o chamava de "genro" foi convencido a transformar sua coluna em diário oficial e até em agenda turística, são bem-vindos Nando Reis e Marcelo Fromer ao fazer justiça ao cartola que comanda nosso futebol "com mãos de Arrelia".
*
Para que a Federação Paulista de Futebol autorizasse a realização, no próximo fim-de-semana, da Copa Dener -com renda revertida para a família do jogador-, seus organizadores tiveram que aceitar uma pequena, mesquinha e repugnante imposição: estará em jogo, também, uma taça que levará o nome de Eduardo Farah.
Então, ficamos assim: cada jogador que morrer e deixar os dependentes entregues ao azar das indecências cometidas pelos cartolas, terá um jogo de homenagem. Ao vencedor caberá um cálice, senão de vinho tinto de sangue, ao menos de vinho verde de dólares.

Texto Anterior: Notáveis; Pouco?; E o Brasil?
Próximo Texto: Falta de gols e de ousadia entediam torcida européia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.