São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Batata de inverno ocupa 15 mil hectares

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A safra de inverno da batata (terceira safra), cultivada entre maio e junho, deverá ocupar 15 mil ha, segundo prevê Waldemar Pires de Camargo, pesquisador da Secretaria de Agricultura de São Paulo.
No ano passado, a safra de inverno ocupou área de 18 mil ha, com aumento de 24% em relação a 94, indicam os dados do IBGE.
A ampliação do cultivo derrubou os preços de mercado, que ficaram abaixo do custo de produção entre os meses de outubro de 95 e janeiro deste ano.
Nesse período, a saca de 50 quilos da batata comum (achat, baraka) foi negociada no atacado de São Paulo a R$ 10 em média, e a da batata lisa (binje) a cerca de R$ 20.
"Esse ano a oferta deve retornar aos níveis normais, já que desde maio os preços estão relativamente estáveis", diz o pesquisador.
A safra de inverno é a principal responsável pelo abastecimento nacional entre os meses de agosto e outubro.
Pelos dados divulgados no último encontro nacional de bataticultores, realizado em novembro do ano passado, a demanda mensal brasileira é de 170 mil t.
Até a entrada do grosso da colheita da terceira safra, que ocorre principalmente nos Estados de Minas Gerais e São Paulo, o mercado vai depender basicamente da safra da seca.
As regiões de maior produção nos próximos meses são sudoeste paulista (Itapetininga), Grande Curitiba (Contenda), Paraná e sul de Minas Gerais.
"Na safra da seca, que começou a ser comercializada no mês passado e deverá suprir o mercado até agosto, houve redução de produtividade", afirma Hélio Keichi Mori.
Mori é diretor da Associação dos Bataticultores do Sudoeste Paulista, que reúne produtores de Itapetininga, Tatuí, São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Pirajú e Pilar do Sul.
Quebra
Para o agrônomo José Francisco Tristão, da Delegacia Agrícola de Itapetininga (SP), a quebra no rendimento chegou a 27%.
A colheita deve render 58 mil t nos 3.542 ha cultivados no sudoeste paulista.
Essa perda foi provocada pelo excesso de chuvas do começo do ano, seguida de uma estiagem em abril.
Problemas climáticos também ocorreram na região da Grande Curitiba, onde a produtividade deve ficar em torno de 15 t/ha, contra as 18 t/ha esperadas.
Paulo Roberto Dzierwa, presidente da Associação dos Bataticultores do Paraná, informa que dos 15 mil ha da safra da seca paranaense, 10 mil ha estão na região da Grande Curitiba.
Segundo Dzierwa, diante da quebra, os preços devem se manter remuneradores, já que a oferta será bem dosada durante a comercialização da segunda safra.
Pelos cálculos de Mori, da ABASP, a saca de 50 kg de batata bintje está sendo vendida pelo produtor por preços entre R$ 20 e R$ 25, contra um custo de produção médio de R$ 18/saca.
O último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica produção 5% superior na segunda safra deste ano, em relação a de 95.
Uma previsão que pode não se confirmar, já que o levantamento foi realizado no início de abril, quando ainda não havia estiagem.

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