São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996 |
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O bombeiro e o bebê
NELSON DE SÁ
Bombeiros, da entrada dos escombros, ordenam silêncio. Um bombeiro, de costas, olha para um canto e ergue o braço. Ouve. Enfia-se desesperado por um buraco apertado. Sai correndo com um bebê no colo, a pequena cabeça toda ensanguentada. A locução diz que a criança está viva, possivelmente. * As rádios saíram na frente e por horas foram a melhor, para não dizer a única, fonte de informação. Na dianteira, Jovem Pan e Bandeirantes, com ouvintes e duas dezenas de repórteres cada, na cobertura desde a primeira hora. Vieram delas as descrições do horror: "parece que caiu uma bomba", "cenas de guerra", "terremoto". A CBN demorou a entender que a notícia não estava em Brasília, e mesmo entendendo não teve como agir. Não estava sozinha no desentendimento, a CBN. Na televisão, no modorrento meio-dia, as emissoras demoraram a acordar. Reagiram primeiro Bandeirantes, Record e Cultura, depois Globo e Manchete, mas sem informação, perdidas. A televisão foi recuperar-se horas depois, com as primeiras imagens do chão. Antes, buscaram imagens do alto, que pouco mostraram. No chão, a televisão passou a entrar a cada intervalo, com "flashes" na Globo, Bandeirantes, Record. A Manchete, à noite, abriu cobertura ininterrupta. Com o fundo de imagens de corpos, ambulâncias, soldados e bombeiros, as emissoras seguiram a rotina de números desencontrados de mortos. * A CNN, que vinha mostrando entrevista com Pedro Malan em Londres, em inglês impecável, esqueceu ministro e entrou com a tragédia em "breaking news" -até com imagens, da Reuters. Uma tragédia mundial. Texto Anterior: Planalto elabora uma alternativa Próximo Texto: Reforma administrativa deve ser adiada Índice |
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