São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Explosão em shopping causa pelo menos 32 mortes e fere 380 pessoas

ANDRÉ LOZANO; AURELIANO BIANCARELLI; CRISPIM ALVES; FÁBIO SCHIVARTCHE; LÚCIA MARTINS; MALU GASPAR; RICARDO FELTRIN; ROGÉRIO GENTILE; ROGÉRIO SCHLEGEL; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma explosão na praça de alimentação do Osasco Plaza Shopping, em Osasco (12 km a oeste de São Paulo), matou pelo menos 32 pessoas e feriu 380.
A explosão ocorreu às 12h16 de ontem, véspera do Dia dos Namorados. A estimativa é que aproximadamente 2.000 pessoas estivessem no shopping naquela hora.
Segundo bombeiros e técnicos da Prefeitura de Osasco, a causa foi vazamento de gás.
Testemunhas que estavam na praça de alimentação disseram ter visto o piso elevar-se, como uma bolha, e em seguida explodir.
"Foi um barulho ensurdecedor. Pedaços do chão caíam sobre as pessoas: velhos, crianças, mães. Depois começaram a cair vigas de concreto e até paredes inteiras", descreveu Romilde Silveira, 26, analista de faturamento, com a camiseta cheia de manchas de sangue e terra.
Em pânico, funcionários e consumidores saíram correndo pelas ruas. Na confusão, dezenas de pessoas foram pisoteadas.
O policial de trânsito Odair José de Oliveira Jr., que estava a cerca de 50 metros do local, disse que foi atirado contra uma parede, por causa do deslocamento de ar provocado pela explosão.
"Corri para tentar ajudar. Na porta, vi muita gente sangrando, com a perna quebrada, se arrastando pelo chão, chorando e pedindo ajuda. Consegui tirar um bebê, vivo, dos escombros.".
Socorro
Os bombeiros chegaram cerca de três minutos após o acidente. O resgate de mortos e feridos virou uma operação de guerra. As vítimas foram levadas para vários hospitais de Osasco e de São Paulo.
Equipes do Corpo de Bombeiros de quatro cidades -Cotia, Barueri, São Paulo e Osasco- foram deslocadas. O Exército mandou 150 homens, incluindo médicos. A Defesa Civil do Estado também participou da operação.
Ao todo, cerca de 300 profissionais foram oficialmente acionados no socorro, além de um número não-calculado de voluntários.
"Removemos parte dos escombros que estavam ali e passamos a enfileirar os corpos", conta o estudante Geraldo dos Santos Araújo, que ajudou no socorro.
Todas as lojas num raio de um quilômetro do shopping foram obrigadas a fechar suas portas, por ordem da prefeitura. Temia-se que, com o vazamento de gás, novas explosões ocorressem.
Hoje, oito engenheiros do Instituto de Criminalística vão examinar o prédio, para apurar as causas do acidente. O laudo deve ficar pronto dentro de 15 dias.
O acidente provocou congestionamentos na rodovia Castelo Branco, sentido capital-interior.
Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, por intermédio de sua assessoria, que "lamenta muito o número de mortos no desabamento de Osasco".
FHC foi informado do acidente no início da tarde. Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, o governo está acompanhando o caso, mas, até as 18h de ontem, não havia recebido pedido de auxílio do Estado. O governador Mário Covas está na França.

LEIA MAIS sobre a explosão nas págs. 3 a 6

(ANDRÉ LOZANO, AURELIANO BIANCARELLI, CRISPIM ALVES, FÁBIO SCHIVARTCHE, LÚCIA MARTINS, MALU GASPAR, RICARDO FELTRIN, ROGÉRIO GENTILE, ROGÉRIO SCHLEGEL e VICTOR AGOSTINHO)

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