São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996 |
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Gás no subsolo arremessou o piso térreo
MARCELO GODOY; VICTOR AGOSTINHO
Dois gases podem ter sido a causa da explosão: o metano e o GLP. O primeiro se forma com a decomposição de material orgânico. O segundo (Gás Liquefeito de Petróleo), é o vendido em botijões. Segundo o capitão Adílson Toledo Souza, do comando do Corpo de Bombeiros, o terreno onde o prédio do shopping foi construído era um charco que pode ter formado o metano naturalmente. Esse gás pode ter invadido o vão do subsolo do shopping, que tinha de 19 centímetros a um metro e meio de altura. Acumulado nesse vão, uma faísca ou fagulha qualquer pode ter provocado a explosão do gás. As lojas do Osasco Plaza eram alimentadas por uma bateria de botijões gás (espécie de depósito) instalada fora do shopping. Segundo o capitão, parte da tubulação para as lojas era externa e outra parte passava pelo subsolo. O engenheiro Carlos Alberto Venturelli, ex-diretor do Contru (órgão fiscalizador de imóveis da Prefeitura de São Paulo), disse que a provável causa do acidente foi o acúmulo de gás no subsolo. Explosão Segundo Venturelli, ficou caracterizada a explosão de baixo para cima no shopping. "O piso explodiu e os corpos foram atirados contra o teto. Essa explosão na vertical é típica do gás", disse. O chefe de perícias do IC (Instituto de Criminalística), José Barth, confirma a tese de Venturelli. Barth também afirma que a explosão ocorreu no subsolo, erguendo o piso, e o deslocamento de ar provocou a queda do teto. O delegado Roberto Ayres, diretor do IC, é outro que acredita que a explosão teve início no subsolo. Oito engenheiros do IC deverão vistoriar o prédio hoje. Desde ontem, equipes de peritos já estavam examinando e filmando o local da explosão. O laudo sobre as causa do acidente deverá ficar pronto em 15 dias. Metano e GLP Tanto o metano quanto o GLP são gases mais pesados do que o ar. Diferentemente do gás de rua, o GLP e o metano tendem a se depositar no chão ou em frestas quando vazam. O gás de rua sobe ao escapar dos dutos. Segundo Antônio Luiz de Paiva Brito, diretor do Contru, é por esse motivo que a legislação paulistana obriga casas e estabelecimentos comerciais a usar gás de rua sempre que houver rede de fornecimento disponível. "O GLP é muito perigoso. Há casos em que ele vaza dos botijões e entra até na rede de esgoto", afirmou Brito. Apesar de não existir legislação que obrigue a instalação de sensores que detectem a presença do gás, o diretor do Contru acredita que os shoppings deveriam instalar os aparelhos. (MARCELO GODOY e VICTOR AGOSTINHO) Texto Anterior: Falta de notícias desespera parentes Próximo Texto: IML improvisa local para corpos Índice |
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