São Paulo, quarta-feira, 12 de junho de 1996
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Nuvem escura baixa sobre o Parque Antarctica

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Na esteira da luminosa passagem desse Palmeiras pelo Paulista-96, reverberavam os elogios não só aos jogadores e técnico, mas, sobretudo, à direção do consórcio clube-Parmalat, posto que um era consequência do outro.
Muller pulou o muro do CT da Barra Funda para reincorporar-se às fileiras do hoje mais figadal inimigo, o São Paulo; Cafu e Rivaldo estão com um pé aqui e outro no Parma; e, por fim, a diretoria plantou uma pedra no caminho de Luxemburgo com esse caça-níqueis extemporâneo de ontem, contra o Botafogo.
Muller pode não ser o melhor jogador do Brasil.
Mas Rivaldo é, segundo pesquisa recente feita pela Folha não com os torcedores ou críticos, mas com os próprios jogadores.
E Cafu, meu Deus!, é um fenômeno inigualável de força, velocidade e técnica.
Pode ser que Zé Maria, ótimo lateral-direito da Portuguesa prestando serviços ao Flamengo agora, supra boa parte da futura ausência de Cafu. Assim como só Giovanni possui recursos técnicos, hoje em dia, para substituir Rivaldo, embora essa mudança, se viabilizada, vá provocar profundas alterações táticas já que Giovanni não marca como Rivaldo.
Mas Muller é absolutamente insubstituível. Pelo menos, nas funções que exercia nesse Palmeiras, com seus deslocamentos e toques vertiginosos de primeira, razão principal da velocidade da equipe.
Como mero espectador, confesso, estou perplexo. Imagine como estará o time sexta-feira, diante de um Cruzeiro motivado, em pleno Mineirão?
*
Agora, sim, a Eurocopa começa a animar-se. Na terça, a Holanda, apesar do empate sem gols com a Escócia, injetou uma dose de agressividade ofensiva ao futebol que vinha provocando tédio.
Pelo menos, perdeu alguns gols feitos, o que significa que criou chances de ataque.
Mas longe está até mesmo do Ajax decadente dos últimos tempos que lhe serve de base. Afora, ausências vitais, como as da dupla de zagueiros-armadores -Blind e Frank de Boer- e do ponta Overmars, mais a quase ausência de Kluivert, falta organização e inteligência no time holandês.
Além do mais, o técnico faz cada alteração que é de doer.
Já a Itália, que ontem bateu a Rússia por 2 a 1, infundiu calor humano à disputa, e deu sinais de que está na Inglaterra para brigar pelo título.
Mesmo sem craques no meio-campo do nível de um Baggio, um Giannini, um Rivera ou um Sandrino Mazzola (Zola ainda tem muito campo pra correr), dá pro gasto.
E, ao contrário da Holanda, seu treinador, Arrigo Sacchi, mexeu no time com sabedoria quando colocou Donadoni em campo para fechar o lado esquerdo de sua defesa, liberando Zola para as jogadas de armação mais próximo a Casiraghi, o artilheiro do time com os dois gols de ontem.

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