São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tragédia nova

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, nem bem termina uma tragédia e tem outra. Da manchete do Jornal Nacional:
- Os sem-terra invadem uma fazenda no Maranhão e seis pessoas morrem no tiroteio.
Foi uma "nova tragédia", segundo a Globo.
Um novo massacre -desta vez, ao que se informa, um massacre mais de jagunços que de sem-terra, ou tanto de jagunços quanto de sem-terra.
Na descrição do SBT, a maioria dos mortos seria de "pistoleiros". Um pouco mais da descrição:
- Cerca de 30 pistoleiros teriam cercado o acampamento dos posseiros, quando houve o conflito.
Cercados, os posseiros agora também matam. Pior:
- Aparentemente, os invasores não eram do movimento de sem-terra. Não tinham nenhuma chefia. Era uma coisa desorganizada.
Desorganizada, quer dizer, sem qualquer controle.
*
Fernando Henrique, no palácio, reagiu como antes -o moderno, diante dos dois arcaicos:
- É preciso acabar com a violência no campo, de onde quer que ela parta.
*
No "rescaldo", expressão infeliz, usada ontem pela Record, o que não vem faltando em Osasco é gente atenta à oportunidade.
Mais de dois dias após a tragédia, o Cidade Alerta acompanhou à noite a distribuição de sanduíches no local por parte da ABC, o braço beneficente da Igreja Universal.
A distribuição era feita por pessoas uniformizadas, até com bonés, seguindo evidente esforço publicitário.
Foram entrevistados pelo Aqui Agora.
Não foram avistadas vítimas da tragédia, no local.

Texto Anterior: Câmara dá prazo a bancada ruralista
Próximo Texto: Bahia comemora os cem anos da batalha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.