São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Sesc usou nota 'fria' em desvio de verba

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A administração do Sesc (Serviço Social do Comércio) em Pernambuco desviou R$ 295 mil em operações com notas fiscais "frias", em 1994.
O conselho fiscal nacional da entidade -formado por três representantes do governo e dois da CNC (Confederação Nacional do Comércio)- detectou as irregularidades em outubro do ano passado e pediu intervenção na administração pernambucana. Um ano e meio depois, nada ainda foi feito.
O Sesc foi criado há 50 anos com o objetivo de oferecer atividades de lazer para trabalhadores.
Para se manter, a entidade recebe das empresas do setor 1,5% do valor da folha salarial -recurso considerado público.
O esquema de desvio de verba por intermédio de notas "frias" consta de relatório do conselho fiscal do Sesc, obtido pela Folha.
O TCU (Tribunal de Contas da União) ainda não se manifestou sobre as contas do Sesc de 1994.
O conselho fiscal começou a suspeitar do desvio de recursos no Sesc de Pernambuco quando, em outubro de 1994, promoveu análise na contabilidade da entidade.
"No tocante aos fornecedores de material de construção, observamos uma sequência da numeração das notas fiscais, que se mantinha independente da época do fornecimento", diz o relatório.
Diante do fato, o conselho iniciou fiscalização nas compras feitas pela entidade em duas empresas: Caxangá Distribuidora de Materiais e Janguié.
Constatou-se que as empresas não atendiam nos locais e telefones registrados em suas notas fiscais e nos formulários do Sesc.
No caso da Caxangá, o endereço utilizado pelo Sesc para solicitar materiais estava desativado havia "mais de um ano".
Apesar disso, a entidade registrou, de janeiro a setembro de 94, compras de cimento, areia e brita da Caxangá no valor de R$ 210 mil.
Segundo informações da Junta Comercial de Pernambuco, um dos sócios dessa empresa é Paulo Arcoverde, funcionário do Sesc.
"Paulo Arcoverde ocupa cargo de confiança de adjunto administrativo como assessor da presidência", diz o relatório do conselho.
No endereço da Janguié utilizado pelo Sesc para fazer pedidos de fornecimento, os fiscais encontraram "apenas uma pequena construção de tijolos, sendo toda a frente do terreno fechada com uma cerca de madeira".
Formalmente, a empresa havia fornecido R$ 85 mil em materiais de construção ao Sesc.

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