São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Cortes no Orçamento esvaziam Câmara

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corte de 50% nos investimentos na União atingirá as emendas dos parlamentares ao Orçamento e deve agravar o esvaziamento do Congresso neste fim de semestre.
Sem recursos para atender às bases, os parlamentares deixarão Brasília para cuidar das eleições.
A revolta da base governista foi sentida pelo ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e pelo líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), em jantar com a bancada do PTB, anteontem.
A liderança do governo já vinha identificando a insatisfação das bancadas do PFL, PMDB e PSDB com os cortes no Orçamento.
Estavam presentes ao jantar de anteontem os líderes do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PSDB, José Aníbal (SP).
Os cortes deverão atingir cerca de 60% das emendas dos deputados e senadores, segundo avalia a liderança do governo na Câmara.
Essas emendas têm importância eleitoral porque destinam recursos a casas populares, postos de saúde, hospitais, saneamento básico, abastecimento de água. Atendem aos redutos eleitorais.
Levantamento feito pela Folha mostra que cerca de 300 dos 513 deputados aprovaram esse tipo de emenda. Os parlamentares concentraram os recursos nos municípios onde foram mais votados nas eleições de 1994.
Santos afirmou aos parlamentares presentes ao jantar que ainda faz gestões junto ao Executivo para evitar ou reduzir os cortes.
As emendas totalizavam R$ 700 milhões no Orçamento aprovado pelo Congresso. Primeiro, sofreram cortes de 15% devido aos vetos do Executivo. Agora, devem sofrer novo corte de 60%.
O cancelamento feito em razão da não-aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira já provocou o cancelamento de mais de R$ 100 milhões em emendas de parlamentares para obras na área de saúde.
Os cancelamentos atingiram todos os partidos e não pouparam nem mesmo parlamentares que têm força política no Congresso.
Germano Rigotto (PMDB-RS), ex-líder do governo no Congresso, perdeu R$ 769 mil destinados a municípios da sua base, sendo R$ 469 mil para Caxias do Sul, onde disputará a prefeitura em outubro.

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