São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Explosão em shopping foi causada por gás de cozinha que vazava havia 1 mês

DA REPORTAGEM LOCAL

A causa da explosão do Osasco Plaza Shopping foi o gás GLP (de cozinha) que estava vazando havia cerca de um mês. O acidente, na terça-feira, matou 38 pessoas e feriu 472.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo) encontrou o GLP em amostras de gás recolhidas anteontem no vão entre o solo e o piso do shopping.
Ao mesmo tempo, o IC (Instituto de Criminalística) de Osasco considera como a hipótese mais provável que o gás estivesse vazando havia cerca de um mês.
Os peritos se baseiam em depoimentos de lojistas e na quantidade de gás necessária para causar uma explosão como aquela.
Vigilantes do shopping afirmam que a sala da segurança, próxima ao poço dos elevadores, tinha forte cheiro de gás havia um mês.
No sábado do dia 1º deste mês, o shopping ficou com todas as portas abertas por causa do cheiro de gás. "Naquele dia, logo que chegamos para trabalhar, sentimos o cheiro forte de gás", disse Rosângela Ribeiro Santos, 35, gerente da loja Decote V.
Segundo ela, duas clientes abandonaram as compras após sentirem o cheiro de gás em sua loja. "Procurei a brigada de incêndio do shopping, e eles disseram que o cheiro vinha de um gás orgânico e que tudo estava sob controle."
Os seguranças afirmam que o cheiro se intensificou nos últimos 15 dias e que foram proibidos pela chefia da segurança de comentar o assunto nos radiotransmissores.
Cecílio Pereira dos Santos, gerente de uma lanchonete, disse que havia muitas reclamações dos lojistas e funcionários. "Os seguranças estavam sempre olhando os registros para tentar descobrir possíveis vazamentos."
Prevenção
Segundo a perícia, o gás teria vazado de forma lenta e gradual, preenchendo o vão subterrâneo do Osasco Plaza até formar uma mistura explosiva com o oxigênio.
O vazamento poderia ter sido detectado por meio de uma observação da pressão do gás na tubulação do shopping.
O Osasco Plaza tem um aparelho (manômetro) na sua bateria de gás (espécie de depósito) que podia detectar variação da pressão do gás nas tubulações.
A perda de pressão durante o funcionamento do shopping, segundo os peritos, significaria ou um aumento de consumo pelas lojas ou um vazamento.
"O exame devia ser feito com o shopping fechado", disse Ronaldo Egídio dos Santos, chefe do IC de Osasco. O exame da tubulação pode durar até 20 horas.
Segundo ele, com o fechamento, mesmo uma variação mínima da pressão do gás seria suficiente para criar uma suspeita de vazamento.
Ele disse também que um pequeno vazamento poderia passar despercebido se a pressão nas tubulações fosse medida com as lojas funcionando.

LEIA MAIS sobre a explosão no shopping nas págs. 3 a 5

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