São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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Depósito pode ter provocado tragédia

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas lojas estariam utilizando o vão subterrâneo do Osasco Plaza Shopping, por onde passava tubulações de gás, como depósito de mercadorias.
Além de irregular, por não fazer parte do projeto original do prédio, os depósitos clandestinos podem ter sido o estopim da explosão que resultou na morte de 38 pessoas e feriu outras 472.
A avaliação foi feita no início da noite de ontem, em Osasco, por técnicos que participam das comissões responsáveis pela investigação da tragédia.
Basta o atrito provocado por um interruptor de uma lâmpada, segundo os técnicos, para que haja o início de uma explosão em um local onde circula gás de cozinha -esse era o caso do vão subterrâneo do shopping onde estariam situados os depósitos clandestinos.
O gás encontrado por técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo) escapava das tubulações havia pelo menos um mês, segundo estimativa do Instituto de Criminalística de Osasco.
Três toneladas
Outra avaliação feita ontem pelos engenheiros dava uma idéia do impacto da explosão: os blocos de laje do piso pesavam cerca de três toneladas e foram atirados em direção ao teto do prédio.
Engenheiros do IPT contratados pela Prefeitura de Osasco informaram ontem que ainda não haviam tido acesso à planta original e aos documentos da construção.
Além da planta, a prefeitura estaria dificultando também o acesso aos projetos setorizados da construção do shopping center. Eles devem detalhar como os planos técnicos para montagens da tubulação de gás, parte elétrica, rede de águas, entre outros setores.
Os documentos são considerados fundamentais para as investigações das causas da tragédia e a apuração das responsabilidades.
O código que regula as obras em Osasco prevê a exigência deste tipo de documento para que se regularize uma construção.
Tubulações
Além das irregularidades como a falta de ventilação e os possíveis depósitos, segundo avaliação preliminar dos técnicos, a tubulação de transporte do gás de cozinha não estaria de acordo com especificações técnicas legais.
Os tubos teriam de ser feitos de aço carbono, de acordo com engenheiros que integram a equipe de investigações. No caso do shopping, teria sido utilizado apenas aço inox e com uma espessura inadequada.
Ontem, assessores da prefeitura informaram que o feriado (dia de Santo Antonio, padroeiro da cidade) impossibilitava o fornecimento de qualquer informação técnica sobre o caso.

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