São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 1996
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'Cavaleiro...' fala de amor, guerra e peste

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras" é um típico exemplar do "cinema de qualidade francesa": baseado em romance histórico de autor de prestígio, com uma produção requintada (de US$ 35 milhões) e dirigido por um cineasta sem muita ousadia.
O autor de prestígio, no caso, é o francês de origem italiana Jean Giono (1895-1970); o romance trata dos nacionalistas italianos exilados no Sul da França e perseguidos pelos austríacos que dominavam a maior parte da Itália, na primeira metade do século passado; o cineasta é Jean-Paul Rappeneau, o mesmo de "Cyrano de Bergerac".
Os protagonistas desse drama mais romântico do que épico, que tem como pano de fundo uma epidemia de cólera asiática na Provença, são um jovem nobre italiano (Olivier Martinez) e uma dama francesa (Juliette Binoche).
Seus destinos se cruzam quando os dois tentam escapar do terror da peste -ela, para reencontrar seu marido; ele, para unir-se aos companheiros e voltar à Itália para fazer a revolução.
O bom-gostismo de Rappeneau conduz a um filme bonito e morno, que se limita a ilustrar com belas imagens o livro em que se baseia. Há boas idéias aqui e ali -por exemplo, a contraposição entre a água que contamina e o fogo que purifica-, mas faltam à obra a vibração, a febre e o delírio da situação que descreve.
O problema do elenco é o mesmo: Martinez -"o Brad Pitt francês"- é bonito e atlético, mas inexpressivo. A bela Binoche, em seu tom discreto e econômico, está condenada a ser sempre o pólo passivo de um drama -a não ser que seja dirigida por um Kieslowski. O que não é, de forma alguma, o caso aqui. (JGC)

Filme: O Cavaleiro do Telhado e a Dama das Sombras
Produção: França, 1995
Direção: Jean-Paul Rappeneau
Elenco: Olivier Martinez, Juliette Binoche, François Cluzet
Onde: cines Calcenter 1 e Paulista 2

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