São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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E o time português que joga com Folha...

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, pelo saracoteio da bola na Eurocopa e pela artimanhas da bola na América do Sul, nunca foi tão grande, na história recente, o fosso entre fut que gorjeia por aqui e o fut que gorjeia por lá.
A favor do daqui, é claro.
*
Uma típica operação desmanche não ameaça apenas os times vitoriosos.
Costuma ameaçar também equipes com campanhas desastrosas, como é o caso, agora, do Corinthians.
O primeiro tempo da temporada foi um péssimo para o alvinegro -quando tinha tudo para ser uma época histórica.
Quando o Corinthians preparava-se para disputar a Libertadores, alertei aqui que um dos seus principais adversários estava na psicologia do próprio clube.
Para muitos corintianos, ganhar o Campeonato Paulista é mais importante do que ganhar a Copa Toyota.
Não se encontra no espírito, na alma do time, a mentalidade imperialista, expansionista, que caracterizaram o Santos de ouro, o São Paulo, e agora o Palmeiras/Parmalat.
Explica-se tudo na desastrada campanha corintiana até aqui. Mas, desconfio que, lá no fundo, no fundo, a razão é essa tacanhice atávica que mora na alma corintiana.
Compra-se alguns bons jogadores, compõe-se um mix com as pratas da casa e, para o corintiano, isto basta para conquistar o mundo.
Só que não bastou, não basta e não bastará.
Fala-se na saída do Souza, do Marcelinho, do Ronaldo.
Se saírem, perde mais uma vez o Corinthians, em um ano em que não ganhou nada.
*
Se não sofrer uma operação desmanche, o Grêmio, apesar de ter ficado no quase este ano, tem tudo para voltar a ser um time competitivo internacionalmente.
Só falta investir em um jogador mais cerebral, mais inventivo. Hardware o time sulista tem de sobre.
Está faltando apenas um craque software.
Parreira, que inaugura o seu time do futuro, disse que se Muller jogar no São Paulo a metade do que jogou no Palmeiras, já será excelente.
Será? De qualquer forma, o futebol do atacante só brilhou com a camisa verde porque o resto do ataque estava no duro tinindo, tinindo trincando.
*
Don Giovanni está sendo disputado pela Espanha de don Juan Tenório e pela Itália de seu escritor.
Nada mal para a sua tradição, némesmo?
*
Portugal joga com Folha. Hi-hi-hi.
Aliás, até agora, minha aposta na casa portuguesa está dando certo, com certeza.
*
Meus amigos, meus inimigos, e a Itália, ein?
(Peraí, não dá para tirar conclusões ainda, porque seleção italiana que se preza, usa e abusa de uma campanha irregular).
A Itália tem um técnico permanente e um time em permanente transição.

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