São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996
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Há 12 anos

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Como faz em todas as corridas, a Jordan envia às redações o chamado "release", espécie de apresentação da prova, com dados e frases de seus pilotos para auxiliar os jornalistas.
Para fugir do lugar comum, os responsáveis pelo setor no time irlandês buscam, neste ano, histórias diferentes para tornar o serviço menos monótono.
Para apresentar este GP do Canadá, reproduziram uma entrevista com Martin Brundle, que completa 150 corridas neste fim-de-semana.
Tinha tudo para ser aquela ladainha de sempre. Mas o piloto inglês, ao contrário do que está fazendo nas pistas, surpreendeu.
Comparando a F-1 que encontrou em 25 de março de 1984, em Jacarepaguá, com a qual vive nesse momento, Brundle foi implacável.
Disse que seu Jordan atual é no mínimo 10 segundos mais rápido que o Tyrrell de sua estréia no Brasil.
Reconheceu que todo o aparato eletrônico não permite mais aos pilotos guardarem segredos ou, até mesmo, alguma bobagem cometida na pista.
E que os carros estão muito mais resistentes hoje em dia, resumindo as corridas em séries de "sprints" entre pit stops.
Aos pilotos, segundo Brundle, sobrou o trabalho de uma ótima preparação física, já que o computador pensa em tudo. E a dura missão de sorrir para as fotos e dar "3.000 autógrafos" para convidados vips do time.
Lamentações de quem está à beira da aposentadoria? Pode ser. Mas é inegável que a dinâmica da F-1 mudou muito na última década.
Um piloto, hoje em dia, não chega ao topo do automobilismo apenas por ser bom. Precisa, no mínimo, de um empresário esperto. Ou contar com favorecimentos, que seguem os sensos de patrocinadores e dirigentes.
A única exceção do momento, Michael Schumacher, confirma a regra. E, mesmo assim, não foge dela.

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