São Paulo, sábado, 15 de junho de 1996 |
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Decretada prisão de general rebelde
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS A Justiça paraguaia determinou ontem a prisão do general da reserva Lino César Oviedo, responsável por uma tentativa de golpe de Estado em abril.A ordem não foi cumprida porque Oviedo não estava em Assunção ontem. Ele não foi encontrado. Seus correligionários foram se concentrar em frente à sede do movimento de União Nacional de Colorados Éticos para demonstrar apoio a seu líder. A Unace foi criada pelo próprio Oviedo após ser passado para a reserva. É por meio desse grupo, uma dissidência do governista Partido Colorado, que ele pretende disputar a Presidência. Segundo membros do grupo, ele ontem estava no Departamento (Estado) de San Pedro, no norte do país, em campanha. Segundo jornalistas paraguaios, Oviedo teria saído do país. O juiz Alcides Corbeta, que determinou prisão, disse que pretende acionar a Interpol (polícia internacional) se Oviedo tiver mesmo deixado o Paraguai. A ordem ocorre sob as acusações de atentado à ordem pública e à autoridade. Nos dias 22 e 23 de abril, Oviedo ameaçou derrubar o presidente Juan Carlos Wasmosy. A insurreição começou quando Wasmosy passou Oviedo, então comandante do Exército, para a reserva. Oviedo então se refugiou em um quartel nos arredores de Assunção, a capital, e começou a fazer ameaças. Com a intermediação dos embaixadores do Brasil, dos EUA e da Argentina, a crise foi contornada com um acordo que tornaria Oviedo ministro da Defesa. Em troca, ele deixaria a ativa. No dia seguinte, Wasmosy compareceu à cerimônia de despedida de Oviedo do comando do Exército. À tarde, ele rompeu o acordo e anunciou que não nomearia Oviedo para o ministério. Pela ordem do juiz, Oviedo deveria ser detido pela Polícia Nacional e levado a uma prisão militar em Capiatá (20 km de Assunção). Seus partidários disseram que o ex-general vai acatar a ordem de prisão. Desde o incidente de abril, Oviedo vem tentando passar a imagem de um homem público comprometido com a democracia. Ele não fez nenhuma ameaça após ter seu acordo com Wasmosy traído. Na semana passada, Oviedo disse que se desentendeu com Wasmosy porque o presidente tentara dar um golpe de Estado. O líder do Partido Encontro Nacional (social-democrata), o principal da oposição, Carlos Filizzola, disse que a decisão da Justiça é importante para que "a cidadania acredite seriamente na independência do Poder Judiciário". A ação que levou à prisão de Oviedo foi iniciada no dia seguinte à tentativa de golpe. Até agora, o inquérito era dirigido contra "pessoas inominadas", mas a partir de agora passará a se chamar "Lino César Oviedo sobre delitos contra a ordem pública e contra a autoridade pública nesta capital". Uma declaração de Wasmosy à TV, na quarta-feira, serviu de argumento para que Corbeta mandasse prender o militar. Nela, o presidente confirmava que Oviedo se negara a cumprir suas ordens. Próximo Texto: Grupo diz ter visto o monstro do Ness Índice |
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